15/02/2022

Medicamento trata Parkinson inicialmente, e depois piora a doença

Redação do Diário da Saúde
Medicamento trata Parkinson inicialmente, e depois piora a doença
Outra equipe está produzindo tomates ricos em L-Dopa, o medicamento contra Parkinson avaliado neste estudo.
[Imagem: Phil Robinson]

Tratamento que piora a doença

Pesquisadores descobriram uma possível razão pela qual a L-dopa, o medicamento de primeira linha para lidar com a doença de Parkinson, perde eficácia à medida que o tratamento progride.

Mais do que isso, o medicamento pode ter efeitos colaterais dramáticos, incluindo discinesia, movimentos musculares involuntários e erráticos do rosto, braços, pernas e tronco do paciente.

"Paradoxalmente, a mesmíssima terapia que melhorou a qualidade de vida de dezenas de milhares de pacientes de Parkinson é aquela que contribui para o rápido declínio da qualidade de vida ao longo do tempo," explica o Dr. Amal Alachkar, da Universidade da Califórnia em Irvine (EUA). "A L-dopa demonstrou acelerar a progressão da doença através de mecanismos neurais que não são muito bem compreendidos."

A L-dopa e outros tratamentos farmacológicos para Parkinson foram projetados para substituir a dopamina perdida pela degeneração das células nervosas no cérebro. Embora a dopamina não possa atravessar a barreira hematoencefálica, que permite que substâncias como água e oxigênio passem para o cérebro, a L-dopa pode, e é usada para tratar os sintomas motores da doença.

No entanto, 99% da L-dopa é metabolizada fora do cérebro, por isso ela é administrada em combinação com um inibidor enzimático para aumentar a quantidade da dose que chega ao cérebro para 5 a 10%, e prevenir efeitos colaterais, como náuseas e problemas cardíacos.

Medicamento misterioso

A equipe do Dr. Alachkar estudou agora em detalhes as características da ligação molecular da L-dopa e dos compostos no cérebro relacionados com a dopamina.

O estudo demonstrou que a L-dopa e a proteína siderocalina se combinam na presença de ferro para criar um complexo que pode causar uma sobrecarga celular de ferro, levando a um desequilíbrio entre radicais livres e antioxidantes.

E não apenas isso, a combinação causa neuroinflamação no cérebro, desencadeando a discinesia, flutuações no mobilidade e episódios de congelamento do movimento.

À medida que a doença de Parkinson progride, doses mais baixas de L-dopa induzem esses efeitos colaterais negativos, enquanto a dose necessária para aliviar os sintomas da doença aumenta, resultando em uma janela terapêutica estreita.

"Esta pequena molécula de L-dopa é certamente misteriosa," disse Alachkar. "Estamos interessados em desvendar os mistérios da L-dopa e, em particular, entender como ela age como um agente terapêutico mágico e, ao mesmo tempo, contribui para a progressão da doença. A formação do complexo L-dopa-siderocalina pode desempenhar um papel na diminuição da eficácia [do medicamento] ao reduzir a quantidade de L-dopa livre disponível para a síntese de dopamina no cérebro."

Checagem com artigo científico:

Artigo: Surface Plasmon Resonance Identifies High-Affinity Binding of l-DOPA to Siderocalin/Lipocalin-2 through Iron-Siderophore Action
Autores: Sammy Alhassen, Mehmet Senel, Amal Alachkar
Publicação: ACS Chemical Neuroscience
Vol.: 13, 1, 158-165
DOI: 10.1021/acschemneuro.1c00693
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