24/03/2009

Medicina moderna está transformando idosos saudáveis em pacientes

Redação do Diário da Saúde

Idade não é doença

Michael Oliver, professor emérito de Cardiologia da Universidade de Edinburgo, na Escócia, publicou um artigo no renomado British Medical Journal no qual ele faz um alerta preocupante: a medicina moderna está transformando idosos saudáveis em pacientes.

Segundo o pesquisador, muitas pessoas acima dos 75 anos de idade estão recebendo prescrições de pílulas para pressão alta, ou diabetes, ou colesterol alto, com pouca ou nenhuma consideração quanto aos benefícios reais para o indivíduo.

Ações preventivas na terceira idade

Ele acredita que ações preventivas possam ser irrelevantes ou mesmo danosas para pacientes na terceira idade.

Por exemplo, cerca de 75 pessoas idosas com hipertensão branda estão sendo tratadas para evitar que uma delas apenas tenha um derrame. Desta forma, as outras 74 estarão condenadas a fazer o tratamento pelo resto de suas vidas, sem necessidade.

Pressão sem fim das indústrias farmacêuticas

O Dr. Oliver atribui essa tendência a muitas causas, incluindo a interpretação entusiástica e não-crítica dos guias médicos, às diretrizes governamentais para a saúde e à pressão sem fim das indústrias farmacêuticas - sobre este assunto, veja também a reportagem Indústria de medicamentos controla jornais e sociedades científicas).

Em vez de fazer exames e investigar as causas possíveis do problema, a regra é dizer à pessoa que ele ou ela tem pressão alta e que isto deve ser tratado, diz o Dr. Oliver. Ainda que as evidências reais dos benefícios de tratar qualquer fator de risco em pessoas acima dos 75 anos de idade exija uma consideração muito mais cuidadosa quando aplicada a cada indivíduo em particular.

Sobretratamento desnecessário

O pesquisador sugere que os guias de procedimentos médicos não sejam considerados como mandamentos e que o equilíbrio entre os riscos do tratamento e os riscos do não-tratamento sejam totalmente explicados para a pessoa.

Segundo ele, até mesmo exigências burocráticas para o preenchimento das documentações nos hospitais estão levando a um excesso de diagnóstico e a um sobretratamento desnecessário, além da ansiedade gerada nas pessoas em vistas desses diagnósticos.

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