26/06/2020

Olho biônico promete superar os olhos humanos

Redação do Diário da Saúde
Olho artificial promete superar os olhos humanos
Esquema e foto do protótipo do olho biônico, que elimina o ponto cego dos olhos humanos e ainda promete oferecer visão noturna.
[Imagem: HKUST]

Olho artificial 3d

Uma equipe internacional, liderada por cientistas da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong (HKUST), desenvolveu o primeiro olho artificial 3D do mundo com capacidades melhores do que todos os olhos biônicos existentes e, em alguns casos, até superior aos olhos humanos.

Isso traz mais perto da realidade uma capacidade de visão para robôs humanoides similar à visão humana, e uma nova esperança para pacientes com deficiência visual.

Os cientistas estão há décadas tentando replicar a estrutura e a clareza de um olho biológico, mas a visão fornecida pelos olhos protéticos existentes - em grande parte na forma de óculos acoplados a cabos externos - ainda está em baixa resolução, sobretudo porque usam sensores de imagem planos, ou 2D.

Leilei Gu e seus colegas conseguiram agora não apenas replicar a estrutura de um olho natural pela primeira vez, mas também abrir o caminho para uma visão mais nítida do que um olho humano, além de funções extras, como a capacidade de detectar radiação infravermelha, equivalente ao calor, que é o mecanismo das câmeras de visão noturna.

Olho biônico melhor que olho humano

A principal inovação da equipe foi a construção de uma retina artificial 3D, composta por uma série de sensores de luz feitos com nanofios que imitam os fotorreceptores das retinas humanas.

A equipe conectou os sensores de luz de nanofios a um feixe de fios de metal líquido - fazendo o papel do nervo óptico - na parte traseira da retina hemisférica. Os experimentos mostraram que o dispositivo é capaz de replicar a transmissão do sinal visual daquilo que o olho está vendo para a tela do computador.

No futuro, esses sensores de luz de nanofios poderão ser conectados diretamente aos nervos dos pacientes com deficiência visual, preveem os pesquisadores.

Ao contrário do olho humano, onde feixes de fibras nervosas ópticas (para transmissão de sinal) precisam passar pela retina através de um poro, criando um ponto cego na visão humana, os sensores de luz se espalham por toda a retina artificial, podendo disponibilizar os sinais através de seu próprio fio de metal líquido na parte traseira, eliminando assim o problema do ponto cego.

"Eu sempre fui um grande fã de ficção científica e acredito que muitas tecnologias apresentadas em histórias, como as de viagens intergalácticas, um dia se tornarão realidade. No entanto, independentemente da resolução da imagem, ângulo de visão ou facilidade de uso, os atuais olhos biônicos ainda não são compatíveis com o seu homólogo humano natural. Temos uma necessidade urgente de uma nova tecnologia para resolver esses problemas, e isso me deu uma forte motivação para iniciar esse projeto tão fora do comum," disse o professor Zhiyong Fan.

Checagem com artigo científico:

Artigo: A biomimetic eye with a hemispherical perovskite nanowire array retina
Autores: Leilei Gu, Swapnadeep Poddar, Yuanjing Lin, Zhenghao Long, Daquan Zhang, Qianpeng Zhang, Lei Shu, Xiao Qiu, Matthew Kam, Ali Javey, Zhiyong Fan
Publicação: Nature
Vol.: 581, pages 278-282
DOI: 10.1038/s41586-020-2285-x
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