11/06/2019

Oncologistas demonstram grande desconhecimento sobre exames genéticos do câncer

Redação do Diário da Saúde
Oncologistas demonstram grande desconhecimento sobre exames genéticos do câncer
Não se iluda com alguns exames genéticos: O DNA não tem todas as respostas.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Testes genéticos

Um questionário destinado a aferir o quanto os oncologistas entendem os resultados dos exames mais modernos sobre o câncer revelou que 69% dos médicos especialistas na doença dizem não saber as respostas, ou responderam incorretamente.

Em seis cenários clínicos diferentes, os oncologistas precisavam combinar uma alteração genética revelada em perfis moleculares com a terapia destinada a atacar as mutações causadoras do câncer - informações essenciais para um tratamento personalizado eficaz.

Mais de dois terços deles não sabem fazer isso.

"Essa é uma lacuna significativa de conhecimento e de prática, não uma questão de tratamento negligente," disse a Dra Bhavana Singh, do Hospital Universitário de Georgetown (EUA), acrescentando que, embora os testes genéticos estejam disponíveis há vários anos, os dois testes abrangentes de perfil molecular agora no mercado foram aprovados pela FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA) apenas no final de 2017.

Os dois exames disponíveis testam até 500 mutações genéticas, deleções, variações no número de cópias e rearranjos para os quais há terapias direcionadas e imunológicas aprovadas ou em testes.

Os resultados dos testes moleculares ajudam a determinar qual tratamento deve ser usado e se os pacientes podem ser candidatos ao estudo clínico.

"O perfil molecular para guiar a terapia direcionada moveu-se muito rapidamente do laboratório para a clínica, e este estudo mostra que os oncologistas precisam urgentemente ser educados sobre essa potencial estratégia terapêutica," acrescentou Singh.

Oncologistas clínicos e acadêmicos

A pesquisa também revelou que os oncologistas em hospitais e clínicas usam o perfil molecular com muito menos frequência do que os oncologistas acadêmicos, ligados a hospitais universitários, ainda que apenas 59 deles tenham sido consultados sobre o uso dos testes. Por exemplo, os oncologistas comunitários dizem que usam esse serviço em 33% dos casos de câncer de pulmão que eles tratam, enquanto os oncologistas acadêmicos usam esses testes em 74% dos pacientes com câncer de pulmão.

"A rápida expansão do conhecimento está superando nossa capacidade de incorporá-lo em nossa prática clínica diária, mesmo para especialistas em um campo. Precisamos garantir a eliminação desse hiato para que todos os pacientes possam colher os benefícios do nosso progresso," disse o professor John Marshall, coordenador da pesquisa.

Cautela

Apesar do entusiasmo da equipe com as novas tecnologias, tem havido muita cautela em relação aos testes genéticos para o câncer, não apenas porque já se demonstrou que os resultados do exame genético variam de um laboratório para outro, mas também porque o câncer não é causado apenas pela genética.

Também nesta área, a utilização da técnica de edição genética mais avançada, a CRISPR/Cas9, causa danos extensos ao DNA, mostrando que há vantagens e riscos na edição genética, sem contar as questões de privacidade, uma vez que os laboratórios que fazem exames de DNA passam a deter os dados dos pacientes e podem revendê-los.

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