16/03/2022

Aparelhos eletrônicos geram campos magnéticos que interferem com implantes cardíacos

Redação do Diário da Saúde
Aparelhos eletrônicos geram campos magnéticos que interferem com implantes cardíacos
Além disso, os pacientes com implantes cardíacos devem manter distância dos celulares, alerta a agência norte-americana FDA.
[Imagem: Corentin Féry et al. - 10.1161/CIRCEP.121.010646]

Campos magnéticos e implantes cardíacos

A tecnologia magnética está sendo cada vez mais usada em aparelhos eletrônicos portáteis, como o estojo de carregamento Apple AirPods Pro, o Apple Pencil 2nd Generation e o Microsoft Surface Pen.

No entanto, se esses aparelhos forem transportados em bolsos próximos ao peito por indivíduos que têm um dispositivo cardíaco implantado, os ímãs podem interferir na capacidade do implante de ajudar a regular o coração, ameaçando a vida da pessoa.

Isso acontece porque os aparelhos com ímãs geram um campo vetorial - uma área de influência magnética - que pode inibir os geradores de pulso dos desfibriladores e marcapassos implantados. Nos desfibriladores, os ímãs podem ativar um interruptor que impede que o implante forneça os choques que salvam a vida do paciente.

"Se você carrega um dispositivo eletrônico portátil perto do peito e tem um histórico de taquicardia (batimento cardíaco rápido) com um implante, os fortes ímãs nesses dispositivos podem desativar seu desfibrilador cardioversor," contou o pesquisador Corentin Féry, da Universidade de Ciências Aplicadas e Artes do Noroeste da Suíça. "Os pacientes cardíacos devem estar cientes desses riscos, e seu médico deve dizer-lhes para terem cuidado com esses dispositivos eletrônicos com ímãs."

Distância segura

Pesquisas anteriores sobre o iPhone 12 Pro Max demonstraram que seu campo magnético é forte o suficiente para interferir no funcionamento normal de um marcapasso implantado ou desfibrilador, quando mantido a distância de 2,5cm do implante, ou seja, em um bolso da camisa, por exemplo.

Neste novo estudo, os pesquisadores testaram a saída do campo magnético do estojo de carregamento sem fio do Apple AirPods Pro, da Microsoft Surface Pen e do Apple Pencil 2nd Generation. A força do campo magnético foi medida e comparada com o iPhone 12 Pro Max.

Usando um mapeador magnético com 64 sensores, os pesquisadores mediram a força do campo magnético desses produtos em várias distâncias. Os aparelhos também foram colocados cada vez mais próximos de cinco desfibriladores de dois fabricantes representativos até que ocorresse a desativação da terapia.

Essas distâncias constituem então a distância mínima de segurança, a partir da qual uma interação realmente ocorreu.

A distância máxima para uma possível interação entre os aparelhos eletrônicos portáteis e os dispositivos cardíacos implantáveis foi de:

  • cerca de 2 cm (0,78 polegada) de distância para todos os produtos Apple; e
  • 2,9 cm (1,14 polegada) de distância para a caneta da Microsoft.

Embora os resultados dos testes tenham mostrado a distância para uma possível interação com os implantes, os pesquisadores afirmam que, por segurança, a distância mínima deve ficar entre 0,8 cm (0,31 polegada) para o iPhone 12 Pro Max e o Apple Pencil 2ª Geração, e 1,8 cm (0,71 polegada) para a Microsoft Surface Pen e o estojo de carregamento aberto do Apple AirPods Pro.

"O público precisa estar ciente dos riscos potenciais dos dispositivos eletrônicos portáteis, além do iPhone 12 Pro Max, que podem afetar qualquer pessoa com um CDI [desfibrilador cardioversor]," disse o professor Sven Knecht, da Universidade da Basileia. "O mais preocupante é que os ímãs estão sendo usados em cada vez mais dispositivos eletrônicos portáteis e, com tantos ímãs ao nosso redor, o risco para os pacientes cardíacos é ainda maior."

Checagem com artigo científico:

Artigo: Magnetic Field Measurements of Portable Electronic Devices: The Risk Inside Pockets for Patients With Cardiovascular Implantable Devices
Autores: Corentin Féry, Adrien Desombre, Thomas Quirin, Patrick Badertscher, Christian Sticherling, Sven Knecht, Joris Pascal
Publicação: Circulation Arrhythmia and Electrophysiology
DOI: 10.1161/CIRCEP.121.010646
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