19/02/2019

Cientistas brasileiros caminham rumo ao transplante de órgãos de porcos para humanos

Com informações da Agência Fapesp
Cientistas brasileiros caminham rumo ao transplante de órgãos de porcos para humanos
Técnica desenvolvida no Brasil visa ao transplante de órgãos de porcos para humanos.
[Imagem: Ministério da Saúde]

Xenotransplante

A possibilidade de reduzir ou mesmo acabar com a fila de transplante de órgãos no Brasil pode se tornar uma realidade por meio do xenotransplante.

Este é o nome dos transplantes de órgãos entre duas espécies diferentes - neste caso, entre porcos (Sus scrofa domesticus) e humanos (Homo sapiens).

"Os órgãos dos suínos são muito semelhantes aos de humanos, mas se fossem transplantados hoje seriam rejeitados. A ideia é modificá-los para que se tornem compatíveis com o organismo humano," explicou a professora Mayana Zatz, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.

Atualmente, porcos modificados para esse fim são criados em países como Alemanha e Estados Unidos, com resultados promissores de transplantes de seus órgãos em macacos.

Segundo a geneticista, três genes que provocam a rejeição são bem conhecidos. Desativando-os por meio da técnica de edição gênica conhecida como Crispr-Cas9, é possível fazer com que o sistema imunológico humano não rejeite os órgãos.

Transplante de animal para humano

No projeto realizado pela equipe brasileira, que reúne pesquisadores de várias instituições, o soro do sangue dos porcos geneticamente modificados será testado com o de pessoas que estão na fila de transplante de rim, a fim de verificar a presença de anticorpos que possam rejeitar os órgãos suínos na população brasileira.

Simultaneamente, a equipe irá desenvolver novos protocolos de acompanhamento de futuros pacientes transplantados, a fim de monitorar no sangue o surgimento de anticorpos que possam causar rejeição.

"Trata-se de desenvolver um produto de base biotecnológica nacional, cujo objetivo final será prover à população em fila de espera para transplantes uma alternativa terapêutica viável e definitiva, que pode encurtar o sofrimento do paciente e seus familiares," disse Zatz.

Hoje, mesmo transplantes entre humanos exigem que o transplantado tome medicamentos imunossupressores, alguns para o resto da vida, a fim de combater a rejeição. No caso dos que precisam de transplante de rim, há ainda um custo elevado em hemodiálise daqueles que esperam por um novo órgão.

A fase inicial do projeto tem duração prevista de três anos e prevê ainda compatibilizar aspectos éticos, religiosos e legais do xenotransplante, pela criação de uma disciplina para discutir o assunto, o que será feito por meio do Instituto de Estudos Avançados da USP.

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