04/11/2009

Cientistas questionam uso da aspirina na prevenção de ataques cardíacos

Redação do Diário da Saúde
Cientistas questionam uso da aspirina na prevenção de ataques cardíacos
O uso de aspirina para prevenir ataques cardíacos e derrames em pessoas que não apresentam sintomas óbvios de doenças cardiovasculares deveria ser suspenso, dizem pesquisadores britânicos.
[Imagem: Bayer]

Remédio sem sintomas

O uso de aspirina para prevenir ataques cardíacos e derrames em pessoas que não apresentam sintomas óbvios de doenças cardiovasculares deveria ser suspenso, dizem pesquisadores britânicos.

Um estudo incluído na publicação médica Drugs and Therapeutics Bulletin (DTB) diz que a droga pode causar sangramentos internos sérios e não previne mortes por doenças cardiovasculares.

O DTB é uma publicação britânica independente que avalia e faz recomendações sobre tratamentos a profissionais de saúde.

Aspirina como preventivo

O estudo recomenda que médicos reavaliem os casos de pacientes que tomam aspirina como preventivo.

Doses baixas de aspirina são comumente recomendadas a pacientes que tiveram ataques cardíacos e derrames para prevenir mais ataques.

Esta abordagem - conhecida como prevenção secundária - é bem estabelecida e tem benefícios confirmados.

Mas estima-se que milhares de pessoas na Grã-Bretanha estejam tomando a aspirina como medida preventiva antes de apresentar qualquer sintoma de problemas cardíacos.

Experimentos controlados

Entre 2005 e 2008, foram publicadas na Grã-Bretanha quatro recomendações sugerindo que a aspirina deveria ser receitadas como preventivo a pacientes que não apresentavam sintomas de doença cardiovascular.

Entre os pacientes estavam pessoas com idade a partir de 50 anos sofrendo de diabetes do tipo 2 e pressão alta.

Mas, segundo o DTB, uma análise recente de seis experimentos envolvendo um total de 95 mil pacientes publicada na revista científica Lancet não apoia o uso rotineiro de aspirina nesses pacientes por causa do risco de sangramentos gastrointestinais e pelo impacto mínimo que a droga tem na diminuição do número de mortes.

O editor do DTB, Ike Ikeanacho, disse: "Os resultados atuais para prevenção primária indicam que os benefícios e os danos da aspirina nesse contexto podem estar mais nivelados do que se pensava, mesmo em indivíduos sob alto risco de sofrer problemas cardiovasculares, incluindo os diabéticos e aqueles com pressão alta".

Riscos maiores que benefícios

O presidente do Royal College of General Practitioners, entidade que representa os médicos clínicos-gerais britânicos, disse que a entidade vai endossar as recomendações do DTB.

Uma representante da entidade beneficente britânica British Heart Foundation, June Davison, disse: "É sabido que a aspirina pode ajudar a prevenir ataques cardíacos e derrames entre pessoas com doenças cardíacas e circulatórias - então esse grupo de pessoas deve continuar a tomar a aspirina como recomendado pelos médicos".

"Entretanto, para aqueles que não têm doenças cardíacas e circulatórias, o risco de sangramentos sérios é maior do que os possíveis benefícios preventivos".

"Aconselhamos às pessoas que não tomem aspirina diariamente, a não ser que chequem com o médico".

"A melhor maneira de reduzir o seu risco de desenvolver doenças cardíacas é evitar o fumo, seguir uma dieta pobre em gorduras saturadas e rica em frutas e legumes e fazer atividades físicas regularmente".

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