27/06/2023

Descoberta a causa e a cura para um tipo de hipertensão

Redação do Diário da Saúde
Descoberta a causa e a cura para um tipo de hipertensão
O nódulo é minúsculo, e os médicos agora estão tentando sua cauterização, em vez de sua remoção cirúrgica.
[Imagem: Xilin Wu et al. - 10.1038/s41588-023-01403-0]

Hipertensão causada por aldosterona

Cientistas descobriram a causa e a cura para tipo comum de pressão alta, ou hipertensão.

A causa da hipertensão é desconhecida para a larga maioria dos pacientes, e única alternativa é um tratamento medicamentoso por toda a vida. Uma pequena parcela dos pacientes, contudo, de 5 a 10% das pessoas com pressão alta, a causa é uma mutação genética nas glândulas suprarrenais, que resulta na produção excessiva de aldosterona.

A aldosterona faz com que o sal seja retido no corpo, elevando a pressão sanguínea. Pacientes com níveis excessivos de aldosterona no sangue são resistentes ao tratamento com os medicamentos comumente usados para hipertensão e apresentam maior risco de ataques cardíacos e derrames.

Agora, Xilin Wu e colegas da Universidade Rainha Maria de Londres (Reino Unido) descobriram que a causa é um pequeno nódulo benigno, presente em uma em cada vinte pessoas com hipertensão. O nódulo produz a aldosterona. A equipe descobriu uma variante genética em alguns desses nódulos que leva a uma superprodução vasta, mas intermitente, do hormônio.

A variante genética causa vários problemas que dificultam o diagnóstico de alguns pacientes com hipertensão. Em primeiro lugar, a variante afeta uma proteína chamada CADM1 e impede que as células do corpo "conversem" umas com as outras e digam que é hora de parar de produzir aldosterona.

A liberação flutuante de aldosterona ao longo do dia também é um problema para os médicos porque os pacientes com a variante genética podem não ser diagnosticados a menos que façam exames de sangue em vários horários diferentes ao longo do dia.

A cura

Os pesquisadores também descobriram que esta forma de hipertensão pode ser curada pela adrenalectomia unilateral, a remoção de uma das duas glândulas adrenais.

Após a remoção, a hipertensão grave anterior, apesar do tratamento com vários medicamentos, desapareceu, sem necessidade de tratamento durante muitos anos subsequentes de observação.

"Como os nódulos de aldosterona neste estudo foram muito pequenos, agora estamos investigando se a cauterização momentânea do nódulo é uma alternativa à remoção cirúrgica de toda a glândula adrenal," disse o professor Morris Brown, coordenador da equipe.

Menos de 1% das pessoas com hipertensão causada por aldosterona são identificadas porque a aldosterona não é medida rotineiramente como uma possível causa. Os pesquisadores estão recomendando que a aldosterona seja medida por meio de um teste de urina de 24 horas, em vez de medições únicas de sangue, que descobrirão mais pessoas vivendo com hipertensão, mas sem diagnóstico.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Somatic mutations of CADM1 in aldosterone-producing adenomas and gap junction-dependent regulation of aldosterone production
Autores: Xilin Wu, Elena A. B. Azizan, Emily Goodchild, Sumedha Garg, Man Hagiyama, Claudia P. Cabrera, Fabio L. Fernandes-Rosa, Sheerazed Boulkroun, Jyn Ling Kuan, Zenia Tiang, Alessia David, Masanori Murakami, Charles A. Mein, Eva Wozniak, Wanfeng Zhao, Alison Marker, Folma Buss, Rebecca S. Saleeb, Jackie Salsbury, Yuta Tezuka, Fumitoshi Satoh, Kenji Oki, Aaron M. Udager, Debbie L. Cohen, Heather Wachtel, Peter J. King, William M. Drake, Mark Gurnell, Jiri Ceral, Ales Ryska, Muaatamarulain Mustangin, Yin Ping Wong, Geok Chin Tan, Miroslav Solar, Martin Reincke, William E. Rainey, Roger S. Foo, Yutaka Takaoka, Sandra A. Murray, Maria-Christina Zennaro, Felix Beuschlein, Akihiko Ito, Morris J. Brown
Publicação: Nature Genetics
DOI: 10.1038/s41588-023-01403-0
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