Limites da empatia
Quando tentamos nos colocar no lugar dos outros, assumimos que a pessoa sente da mesma forma que nós, e geralmente conseguimos reconsiderar a situação.
Mas a empatia parece ter um limite bem claro, segundo Ed O'Brien e Phoebe Ellsworth, da Universidade de Michigan (EUA).
Parece que nós não conseguimos estender essa autoprojeção para pessoas que têm posições políticas diferentes da nossa.
E não conseguimos fazer isso mesmo em condições extremas, afirmam os pesquisadores em um artigo publicado na revista Psychological Science.
Estados viscerais
Existem estados internos, que os pesquisadores chamam de estados viscerais, que temos muita dificuldade para mudar.
Normalmente, os estados viscerais são tão fortes que as pessoas os projetam nos outros: "Eu estou sentindo frio, logo aqui está frio, e você está com frio também."
No experimento, cada pessoa recebia uma pequena história para ler. A história era ou sobre uma pessoa democrata, com tendência de esquerda e pró direitos dos gays, ou um republicano conservador, anti-gay.
Em ambos os casos, o personagem sai para caminhar no inverno, mas se perde sem comida, água, ou roupas extras.
Depois de ler a história, os voluntários tinham que dizer o que tinha sido mais desagradável para o caminhante - se a fome, a sede, ou o frio - e o que o andarilho mais lamentou não ter levado consigo.
Eles também tinham que avaliar a intensidade da fome, frio e sede do andarilho.
Os testes foram aplicados para voluntários em locais desconfortáveis, com frio, e em locais quentes e agradáveis.
Compreendendo as diferenças
Os voluntários que tinham o mesmo ponto de vista do andarilho perdido da história que leram julgaram que o andarilho perdido sentia tanto frio quanto eles - com os resultados influenciados pela qualidade do ambiente em que os voluntários estavam.
Mas se o andarilho tinha visões políticas diferentes, os voluntários desprezaram totalmente seu próprio nível de conforto: aqueles que estavam em ambiente quente e confortável não avaliaram que o caminhante estivesse com qualquer desconforto pelo frio.
Isto mostra que a tendência de projetar seus sentimentos nos outros não se estende para pessoas que são muito diferentes de você, mesmo quando os sentimentos influenciem seus julgamentos.
O estudo sugere um surpreendente limite à nossa capacidade de empatia com pessoas que diferem muito ou discordam de nós.
De resto, uma informação interessante para pessoas que buscam um auto-aprimoramento, que poderão ficar mais atentas a tais situações, mas também algo que pode explicar a dificuldade de conciliação entre grupos políticos com disputas históricas.
Ver mais notícias sobre os temas: | |||
Sentimentos | Emoções | Preconceitos | |
Ver todos os temas >> |
A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.