Uma análise estatística de mais de 4.000 conjuntos de dados provenientes de estudos de doenças neurológicas realizados em animais de laboratório revelou que quase 40% dos estudos apresentam resultados estatisticamente significativos.
Mas o que parece ser uma boa notícia não é: o valor é quase duas vezes maior do que seria esperado com base no número de animais estudados.
"Os resultados são bons demais para serem verdadeiros", afirma o Dr. John Ioannidis, médico da Universidade de Stanford, na Califórnia, coautor do estudo publicado na revista científica PLoS Biology.
Resultados tendenciosos
Os resultados sugerem que os trabalhos publicados - alguns dos quais usados para justificar testes clínicos em humanos - são tendenciosos quando relatam os resultados positivos.
Segundo Ioannidis, esse viés poderia explicar em parte por que bons resultados de uma terapia em estudos pré-clínicos raramente preveem sucesso em pacientes humanos.
A equipe de Ioannidis não é a primeira a encontrar falhas em estudos com animais: outros pesquisadores têm destacado como amostras pequenas e estudos não-cegos podem atrapalhar os resultados.
Na verdade, vários medicamentos que passaram nos testes feitos com animais tiveram efeitos catastróficos sobre os seres humanos.
Publicar só resultados positivos
Outro fator chave é a tendência dos cientistas para publicar somente os resultados positivos, deixando os resultados negativos enterrados em cadernos de laboratório.
"Análises criativas" também são prováveis culpados pela situação, afirma Ioannidis, como a seleção da técnica estatística que dá o melhor resultado.
Estas conclusões não significam que os estudos em animais não façam nenhum sentido, afirma Ioannidis, mas sim que eles devem ser melhor controlados e publicados com mais cuidado.
Ele e seus colegas defendem um registro para os estudos em animais, semelhante ao de ensaios clínicos em humanos, como uma forma de divulgar os resultados negativos e protocolos de pesquisa detalhados.
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