Genética da união
O Instituto Oswaldo Cruz vai apoiar o Programa de Identificação de Familiares Separados pelo Isolamento Compulsório de Pessoas com Hanseníase.
A iniciativa foi idealizada pelo Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan).
Com a ajuda do Instituto Nacional de Genética Médica Populacional os pesquisadores ajudarão a reunir os familiares separados por meio de exames de DNA.
Separados pela ignorância
"A inspiração surgiu da história das Avós da Praça de Maio, que também utilizaram exames genéticos para reencontrar seus netos, filhos de cidadãos desaparecidos durante a ditadura militar na Argentina", explica o geneticista Eduardo Castilla.
"A ideia é construir um banco de dados de DNA específico para este fim", completa.
No Brasil, até a década de 1980, a lei federal nº 610, de 1949 "recomendava" o isolamento compulsório dos pacientes com hanseníase, que eram então mantidos em colônias.
A mesma lei ordenava a entrega dos bebês de pais com hanseníase à adoção, o que levou à separação de milhares de famílias.
Queda dos muros
Esta situação perdurou até 1986, quando os antigos hospitais colônias foram transformados em hospitais gerais.
"Os muros foram derrubados, os portões abertos, mas a luta pelo reencontro destas famílias ainda continua", revelou Artur Custódio, coordenador nacional do Morhan.
Nascidas em hospitais-colônias, as irmãs Maria Teresa da Silva Santos Oliveira e Marisa Ferreira dos Santos - duas dos milhares de brasileiros que, quando crianças, foram separados de suas mães e entregues à adoção - foram as primeiras a assinar o termo de adesão ao programa, autorizando a coleta de amostras de saliva para o exame de DNA.
Realizado pelo Morhan, um cadastro de filhos separados dos pais pelo isolamento compulsório em função da doença, hoje, soma 1200 indivíduos.
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