18/01/2022

Finalmente um exame para diagnosticar e monitorar a depressão?

Redação do Diário da Saúde
Finalmente um exame para diagnosticar e monitorar a depressão?
O professor Mark Rasenick está otimista de que a descoberta de sua equipe vire um exame para a depressão.
[Imagem: UIC]

Exame de sangue para depressão

Estamos um passo mais perto de contarmos com um exame de sangue que forneça uma marca bioquímica simples para a depressão, além de revelar como estão os efeitos da terapia medicamentosa de pacientes que já estejam sendo tratados da condição.

Steven Targum e seus colegas da Universidade de Illinois em Chicago (EUA) identificaram um biomarcador nas plaquetas humanas que rastreia a intensidade da depressão.

A pesquisa teve como ponto de partida estudos de várias equipes que mostraram, em humanos e em modelos animais, que a depressão é consistente com a diminuição da adenilil ciclase - uma pequena molécula dentro da célula que é produzida em resposta a neurotransmissores como a serotonina e a epinefrina.

"Quando você está deprimido, a adenilil ciclase fica baixa. A razão pela qual a adenilil ciclase é atenuada é que a proteína intermediária, que permite ao neurotransmissor produzir a adenilil ciclase, Gs alfa, está presa em uma matriz rica em colesterol da membrana - uma jangada de lipídios - onde ela não funciona muito bem," detalhou o professor Mark Rasenick.

Agora, eles identificaram o biomarcador celular para a translocação da Gs alfa de jangadas de lipídios. E esse biomarcador pode ser identificado por meio de um exame de sangue.

"O que desenvolvemos é um teste que pode não apenas indicar a presença de depressão, mas também pode indicar a resposta terapêutica com um único biomarcador, e isso é algo que não existia até agora," disse Rasenick.

Monitorar o efeito dos antidepressivos

Os pesquisadores acreditam que esse exame de sangue poderá ser usado também para determinar se as terapias com antidepressivos estão funcionando, e dar resultados em um período tão curto quanto uma semana após o início do tratamento - a depressão tem subtipos que não respondem aos antidepressivos.

Pesquisas anteriores mostraram que, quando os pacientes apresentavam melhora nos sintomas de depressão, o Gs alfa estava fora da jangada de lipídios.

No entanto, em pacientes que tomaram antidepressivos, mas não mostraram melhora em seus sintomas, o Gs alfa ainda estava preso na jangada - o que significa que simplesmente ter antidepressivos na corrente sanguínea não era bom o suficiente para melhorar os sintomas.

Atualmente, os pacientes e seus médicos têm que esperar várias semanas, às vezes meses, para determinar se os antidepressivos estão funcionando porque essa avaliação depende dos sintomas do paciente. Quando é determinado que os antidepressivos não estão funcionando, diferentes terapias são tentadas.

Em vez disso, um exame de sangue pode ser capaz de mostrar se o Gs alfa está ou não fora da jangada de lipídios depois de uma semana.

"Como as plaquetas são renovadas em uma semana, você veria uma mudança nas pessoas que iriam melhorar. Você seria capaz de ver o biomarcador que deveria pressagiar um tratamento bem-sucedido," disse Rasenick.

Checagem com artigo científico:

Artigo: A Novel Peripheral Biomarker for Depression and Antidepressant Response
Autores: Steven D. Targum, Jeffrey Schappi, Athanasia Koutsouris, Runa Bhaumik, Mark H. Rapaport, Natalie Rasgon, Mark M. Rasenick
Publicação: Molecular Psychiatry
DOI: 10.1038/s41380-021-01399-1
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