Depois de décadas de domínio das teorias "sobrevivência do mais forte", os cientistas parecem estar se rendendo a outras interpretações para a evolução biológica.
Primeiro, eles começaram a falar na sobrevivência do mais bondoso, e não do mais guerreiro ou mais violento.
Há poucos dias, outra equipe defendeu que a evolução irá puni-lo se você for egoísta e sovina.
Agora, biólogos da Universidade da Pensilvânia (EUA) estão oferecendo uma explicação matemática de por que a cooperação e a generosidade evoluíram na natureza, tida como tipicamente competitiva.
Humanidade = Jogadores em evolução
Os biólogos se valeram da ferramenta mais empregada pelos cientistas quando o assunto é o relacionamento em larga escala: a teoria dos jogos - mais especificamente, uma situação conhecida como "Dilema do Prisioneiro".
Alexander Stewart e Joshua Plotkin analisaram o resultado do Dilema do Prisioneiro conforme o problema era encarado por uma grande população de jogadores em evolução - uma descrição bem precisa da humanidade do ponto de vista da biologia evolutiva.
Embora a explicação básica da evolução afirme que as estratégias de competição são as que importam, Stewart e Plotkin chegaram a uma demonstração matemática de que as únicas estratégias de sucesso a longo prazo são as estratégias envolvendo a generosidade.
"Desde Darwin," explica Plotkin, "os biólogos têm-se intrigado sobre por que existe tanta cooperação aparente, e mesmo a generosidade e o altruísmo por si sós na natureza. A literatura sobre a teoria dos jogos tem trabalhado para explicar por que a generosidade surge."
Conforme os jogos se repetiam ao longo das gerações, tornou-se claro para os biólogos que as estratégias de extorsão não funcionam em uma população grande e em evolução.
O gene generoso
"O fato de que existem estratégias de extorsão imediatamente sugerem que, na outra extremidade da escala, também pode haver estratégias generosas," disse Stewart. "Você pode pensar que ser generoso seria uma coisa estúpida de se fazer, e é, se houver apenas dois jogadores no jogo. Mas, se há muitos jogadores e todos eles se comportam generosamente, todos se beneficiam da generosidade de cada um."
Nas estratégias generosas, que são essencialmente o oposto das estratégias de extorsão, os jogadores tendem a cooperar com seus adversários. Se eles não fizerem isto, sofrerão mais do que seus adversários no longo prazo.
O "perdão" também é uma característica dessas estratégias. Um jogador que encontra um oponente que sai da linha da generosidade pode punir o desertor, mas, depois de um tempo, pode cooperar com ele novamente.
"Nosso trabalho mostra que nenhuma estratégia egoísta terá sucesso na evolução," disse Plotkin. "As únicas estratégias que são evolutivamente robustas são as generosas."
A descoberta, embora abstrata, ajuda a explicar a presença da generosidade na natureza, uma inclinação que geralmente parece contrária à noção darwinista da sobrevivência do mais apto.
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