21/07/2020

Óculos com filtros especiais realmente ajudam daltônicos

Redação do Diário da Saúde
Óculos com filtros especiais realmente ajudam daltônicos
Mais do que isso, os voluntários apresentaram melhoras mesmo quando pararam de usar os óculos.
[Imagem: msandersmusic/Pixabay]

Óculos para daltonismo

Pelo menos oito em cada 100 homens (8%) e uma em cada 200 mulheres (0,5%) sofrem de uma espécie de daltonismo, conhecida como deficiência de visão de cores vermelho-verde.

Enquanto pessoas com visão de cores normal veem mais de um milhão de matizes e tons, pessoas com a deficiência vermelho-verde veem uma gama de cores bem mais reduzida, que varia de indivíduo para indivíduo. Tipicamente, essas pessoas percebem as cores como mais suaves e desbotadas, e algumas cores causam confusão ou são mais difíceis de diferenciar.

Mais recentemente têm surgido diversos tipos de óculos no mercado que prometem corrigir esse tipo de deficiência.

Contudo, como o tratamento foi oferecido no mercado, fugindo do processo mais tradicional das inovações na área de saúde - que tipicamente surgem no meio científico e depois vão para as empresas - houve muito ceticismo dos profissionais de saúde, que alegavam que "não havia provas científicas" etc e tal.

John Werner e seus colegas da Universidade da Califórnia em Davis (EUA) decidiram parar de repetir o velho jargão e fazer os estudos necessários para verificar se os filtros espectrais poderiam realmente aprimorar as respostas cromáticas dos portadores de deficiência verde-vermelho.

Melhora adaptativa

Ao longo de duas semanas, um grupo de voluntários usou os óculos especiais e outro grupo usou óculos de aparência similar, mas sem os filtros especiais que lhes dão as propriedades alegadas (filtros cromáticos).

"O uso prolongado desses óculos aumenta a resposta cromática naquelas pessoas com tricromacia anômala (deficiência de visão de cores vermelho-verde)," atestou o Dr. John Werner. "Descobrimos que o uso sustentado por duas semanas não apenas levou ao aumento da resposta cromática ao contraste, mas, e muito importante, essas melhorias persistiram quando [as pessoas foram] testadas sem os filtros, demonstrando assim uma resposta visual adaptativa".

Werner observa que o efeito não pode ser alcançado com filtros de banda larga vendidos como auxílio ao daltônico.

Ele e seus colegas de pesquisa acreditam que os resultados do estudo indicam que modificações dos sinais fotorreceptores nos olhos ativam um substrato pós-receptor no cérebro que apresenta plasticidade, o que pode ser potencialmente explorado para a reabilitação visual.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Adaptive Changes in Color Vision from Long-Term Filter Usage in Anomalous but Not Normal Trichromacy
Autores: John S. Werner, Brennan Marsh-Armstrong, Kenneth Knoblauch
Publicação: Current Biology
DOI: 10.1016/j.cub.2020.05.054
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