25/08/2025

As pessoas ignoram conselhos ao tomar decisões difíceis

Redação do Diário da Saúde
Pessoas ignoram conselhos ao tomar decisões difíceis
Outros estudos já haviam apontado que, em decisões difíceis é melhor seguir sua intuição, em vez de conselhos de terceiros.
[Imagem: Gerado por IA]

Decisão pessoal

Um estudo internacional que entrevistou pessoas em uma dúzia de países revelou que, quando se trata de tomar decisões complexas, as pessoas no mundo todo tendem a refletir consigo mesmas, em vez de buscar conselhos.

Foram entrevistadas mais de 3.500 pessoas, de moradores de algumas das maiores cidades do mundo a pequenas comunidades indígenas na floresta amazônica, o que torna este o estudo mais amplo já feito sobre as preferências das pessoas quando elas precisam tomar decisões.

De modo um tanto surpreendente, em todas as culturas as pessoas tendem a decidir sozinhas sobre seus problemas mais sérios, não levando tanto em conta a possibilidade de buscar conselhos de pessoas mais experientes ou mais sábias.

Estes resultados derrubam a crença de que os ocidentais resolvem as coisas sozinhos, enquanto o resto do mundo procura ajuda de outros. De fato, a intuição e a autorreflexão superaram os conselhos de amigos ou a busca de ideias em redes sociais, por exemplo, em todos os países estudados. A intensidade dessa preferência variou, dependendo do nível em que uma cultura valoriza a independência ou a interdependência.

"O que a cultura faz é controlar o volume, aumentando aquela voz interior em sociedades altamente independentes e suavizando-a um pouco em sociedades mais interdependentes," disse o professor Igor Grossmann, da Universidade de Waterloo (Canadá).

Ouvir conselhos bons

Essa tendência à autorreflexão é elogiada por todas as escolas de psicologia, mas os pesquisadores envolvidos neste trabalho preferem destacar outro aspecto: Ouvir outras pessoas mais experientes pode ser valioso.

"Perceber que a maioria de nós instintivamente 'segue sozinho' ajuda a explicar por que frequentemente ignoramos bons conselhos, sejam eles sobre saúde ou planejamento financeiro, apesar das crescentes evidências de que tais conselhos podem nos ajudar a tomar decisões mais sensatas," ponderou o professor Grossmann. "Esse conhecimento pode nos ajudar a projetar melhor o trabalho em equipe, trabalhando com essa tendência à autossuficiência e permitindo que os funcionários raciocinem em particular antes de compartilhar conselhos que possam rejeitar."

"Nossa mensagem principal é que todos nós olhamos para dentro primeiro, mas os movimentos mais sábios podem acontecer quando reflexões individuais são compartilhadas com outras pessoas," concluiu Grossmann.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Decision-making preferences for intuition, deliberation, friends or crowds in independent and interdependent societies
Autores: Igor Grossmann, Maksim Rudnev, Anna Dorfman, Mohammad Atari, Kelli Barr, Abdellatif Bencherifa, Wesley Buckwalter, Rockwell F. Clancy, German Cuji Dahua, Norberto Cuji Dahua, Yasuo Deguchi, Ancon Lopez Wilmer, Emanuele Fabiano, Badr Guennoun, Julia Halamová, Takaaki Hashimoto, Joshua Homan, Martin Kanovský, Kaori Karasawa, Hackjin Kim, Jordan Kiper, Minha Lee, Xiaofei Liu, Veli Mitova, Rukmini Nair, Ljiljana Pantovic, Brian Porter, Pablo Quintanilla, Josien Reijer, Pedro P. Romero, Yuri Sato, Purnima Singh, Salma Tber, Daniel Wilkenfeld, Lixia Yi, Stephen Stich, H. Clark Barrett, Edouard Machery
Publicação: Proceedings of the Royal Society B Biological Sciences
Vol.: 292, Issue 2052
DOI: 10.1098/rspb.2025.1355
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