26/06/2008

Porque os homens não vão ao médico?

Ministério da Saúde

Três barreiras masculinas

Um levantamento no qual foram ouvidos cerca de 250 especialistas mostrou que os homens não costumam freqüentar os consultórios por conta de três barreiras principais: culturais, institucionais e médicas. A pesquisa servirá como subsídio para a política de atenção à saúde do homem.

A pesquisa incluiu as sociedades médicas brasileiras, antropólogos, psicólogos, membros do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems).

Só na última hora

"Não adianta criarmos a política se o homem não for aos consultórios, isso acarretará em mais custos para o SUS. Hoje, do jeito que funciona, os homens buscam os hospitais quando já têm que se internar, isso gera custos para o sistema, custos psicológicos para o homem e para a família", alerta o coordenador da área técnica de saúde do homem do Ministério da Saúde, Ricardo Cavalcanti. A cada oito consultas ginecológicas no SUS, acontece apenas uma urológica.

Masculinidade

Dentre as barreiras culturais, Cavalcanti cita o conceito de masculinidade vigente na sociedade, no qual o homem se julga imune às doenças, consideradas por ele sinais de fragilidade. O homem como provedor, não pode deixar de trabalhar para ir a um consultório. "Eles não reconhecem a doença como algo inerente à condição do homem, por isso acham que os serviços de saúde são destinados às mulheres, crianças e idosos", explica o médico. Além disso, outra dificuldade é que eles não acreditam em profilaxia, o que prejudica o trabalho em prevenção.

"Ninguém me ouve"

Em relação às barreiras institucionais, o levantamento mostrou que os homens não são ouvidos nos consultórios, por isso freqüentam pouco esses locais. O fato de grande parte dos serviços serem formados por profissionais mulheres, também impede que eles encontrem espaço adequado para falar sobre a vida sexual, como por exemplo, relatar uma impotência. De maneira geral faltam estratégias para sensibilizar e atrair os homens aos ambulatórios

Consultas muito curtas

Sobre as barreiras médicas, Cavalcanti enumera a falta de postura adequada dos profissionais de saúde e as consultas com duração muito curta. "Os médicos precisam dar mais atenção nas consultas para estabelecer uma relação médico-paciente", alerta.

Reconstruindo conceitos

Como enfrentar esses aspectos para provocar a mudança de comportamento é o grande desafio da política de saúde do homem. "Será preciso desaprender e reaprender o aspecto cultural. O homem deixou de ser o machão do passado e a sociedade está reformulando o conceito de masculinidade, para isso precisaremos da ajuda da mídia", afirma o coordenador.

Será preciso também contar com a ajuda das empresas para que elas criem programas que estimulem seus funcionários a irem ao médico. Em geral eles não querem deixar o horário de expediente para ir ao consultório, pois acham perda de tempo. "Imagina um indivíduo indo trabalhar com um problema de incontinência urinária, isso prejudica o rendimento dele", alerta Ricardo. Uma possibilidade seria a criação de selos de qualidade que atestem a empresa preocupada com a saúde do homem.

Convencimento

Outra frente de ação serão as campanhas publicitárias voltadas para a mulher, pois elas têm um papel fundamental de convencimento. "A mulher é a maior cuidadora da saúde do homem, é ela que leva ele ao consultório, compra e oferece remédios. É estranho, mas para que o programa seja mais efetivo, ele precisa abordar a mulher", esclarece Cavalcanti.

O que mais mata um homem

Dentre as doenças que mais matam o homem, até os 40 anos, estão as causas externas (violência e agressões), depois dos 40 anos, em primeiro lugar estão as doenças do coração e as neoplasias em segundo, principalmente do aparelho respiratório e da próstata. Por isso a importância de criar uma área específica para a saúde do homem.

Uma das soluções apontadas para facilitar o atendimento ao público masculino é a criação de centros de Check up para homens, com um custo mínimo, pois eles teriam apenas uma esteira, um aparelho de eletrocardiograma, um cardiologista e um urologista. "Com esses centros cerca de 80% das cardiopatias podem ser prevenidas", garante. Nesses locais também será possível fazer a prevenção do câncer de próstata, da mesma forma que a mulher faz o exame preventivo de câncer do colo uterino.

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