Radar sônico identifica pernilongos por espécie e gênero

Protótipo do radar de pernilongos, ainda sem miniaturização.
[Imagem: Vasconcelos/Nunes - 10.3390/s22197100]

Radar de pernilongos

Que tal contar com uma espécie de radar, que lhe avise que um pernilongo está se aproximando, para que você possa ser mais eficaz com sua raquete matadora de mosquitos?

Várias das mais de 3.000 espécies de mosquitos e pernilongos conhecidos pela ciência são vetores transmissores de diversas doenças, como malaria, febre amarela ou dengue.

É precisamente para tentar controlar a proliferação desses mosquitos e pernilongos que os pesquisadores portugueses Dinarte Vasconcelos e Nuno Nunes estão desenvolvendo uma solução tecnológica que promete nada menos do que detectar os pernilongos pelos seus sons ainda bem distantes, conforme eles se aproximam das pessoas ou de uma armadilha.

Inicialmente, a equipe testou microfones que captavam o som do bater de asas dos pernilongos. "Como a frequência do bater das asas varia entre as espécies, é possível reconhecer o padrão da espécie captada pelos microfones," explicou Dinarte.

No entanto, essa abordagem permite a detecção apenas em curtas distâncias e o sistema apresentou dificuldades em lidar com o ruído de fundo.

A equipe então incluiu diversos sensores ópticos infravermelhos, o que permitiu aumentar o alcance do radar de pernilongos e torná-lo resistente ao ruído ambiente. Um programa de inteligência artificial também ajudou a obter melhores resultados, devido à existência de múltiplas espécies de insetos, muitos dos quais não geram preocupação porque não são vetores de doenças.

90% de precisão

Os pesquisadores também dotaram seu radar sônico de um modo de distinguir entre machos e fêmeas, já que normalmente apenas um deles é transmissor de doenças.

"Os testes de laboratório que fizemos, em parceria com o Museu de História Natural do Funchal, revelam que o nosso sistema identifica corretamente mais de 90% dos pernilongos no que diz respeito à espécie e ao sexo," contou a pesquisadora.

Em parceria com a Universidade Mahidol, a equipe realizou ainda testes na Tailândia, onde estão presentes os pernilongos transmissores da malária Aedes e Anopheles. Estes testes foram importantes para que os pesquisadores pudessem calibrar os sensores, identificar problemas e melhorar a detecção em um ambiente natural.

O plano da equipe agora é melhorar a capacidade de transmissão das informações por ondas de rádio, para que ele possa cobrir áreas de vigilância maiores. Diversos radares de pernilongos poderão então abastecer uma base de dados gerida pelas autoridades de saúde, permitindo assim um mapeamento em tempo real da presença do pernilongo e, finalmente, a execução de ações para seu controle.