Sobrevida com câncer
O tempo de sobrevida das mulheres após o diagnóstico de câncer de mama depende do estágio em que a doença é detectada: quanto mais cedo se descobre o problema, maiores as chances de controle e mesmo de cura.
Contudo, existem outros fatores que podem prejudicar a sobrevida dessas mulheres: características sociais - como baixa escolaridade - podem estar associadas a uma morte mais precoce em decorrência do câncer de mama. Mesmo em Santa Catarina, estado com um dos mais elevados Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, esses fatores sociais continuam influenciando negativamente o prognóstico do câncer de mama.
É o que mostra um artigo publicado recentemente na revista Cadernos de Saúde Pública, periódico científico da Fiocruz. O trabalho é assinado por Ione Joyce Ceola Schneider e Eleonora d'Orsi, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Sobrevida no câncer de mama
A pesquisa incluiu cerca de mil mulheres que receberam diagnóstico de câncer entre 2000 e 2002, segundo os registros de dois Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia localizados em Florianópolis: o Centro de Pesquisas Oncológicas de Santa Catarina e o Hospital de Caridade - Irmandade Nosso Senhor dos Passos.
Um ano depois do diagnóstico, 96% das mulheres continuavam vivas. Cinco anos após a detecção da doença, este percentual caiu para 76%. Em comparação a estudos feitos em outros lugares, a taxa de sobrevida em Santa Catarina (76%) foi menor que a observada em Santa Maria (88%), no Rio Grande do Sul, similar a verificada no Instituto Nacional do Câncer (75%), no Rio de Janeiro, e maior que a registrado em Goiânia (57%) e Belém (61%).
Nível socioeconômico e diagnóstico tardio
A idade média das mulheres participantes do estudo foi de 54 anos. Cinco anos depois do diagnóstico, a taxa de sobrevida foi pior entre mulheres com idade inferior a 30 anos (47%) e melhor na faixa etária de 40 a 49 anos (82,1%). Já uma comparação por etnia revelou que a taxa de sobrevida das mulheres brancas (77%) é superior à das mulheres negras, pardas, amarelas e indígenas (62%).
As analfabetas, por sua vez tiveram um risco de óbito 7,4 vezes maior, se comparadas às mulheres com nível superior. "A relação entre nível socioeconômico e prognóstico da doença é permeada pelo diagnóstico realizado numa fase já avançada da doença, devido à dificuldade de acesso aos programas de prevenção e aos cuidados médicos nas classes sociais menos favorecidas, mesmo em países desenvolvidos", explicam as pesquisadoras no artigo.
Importância do diagnóstico precoce
Mais de 93% das pacientes diagnosticas no estágio I do câncer de mama permaneciam vivas cinco anos após a detecção da doença, enquanto este percentual foi inferior a 28% para as mulheres diagnosticadas no estágio 4. Em outras palavras, o risco de óbito é quase 20 vezes maior quando o problema é detectado já no estágio 4. Embora os números demonstrem a importância do diagnóstico precoce, somente cerca de 18% das mulheres tiveram a doença detectada ainda no estágio 1.
"A American Cancer Society recomenda a mamografia a cada dois anos em mulheres acima de 40 anos de idade e anualmente em mulheres a partir dos 50 anos. Achados mostram que o rastreamento mamográfico em mulheres com idade entre 40 e 64 anos é um fator de proteção para mortalidade por câncer de mama.
Além da redução da mortalidade, é observado que o diagnóstico em campanhas de rastreamento mamográfico apresenta diminuição dos casos em estágio avançado", destacam as autoras no artigo. Em todo o mundo, cerca de 1,1 milhão de mulheres têm diagnóstico de câncer de mama a cada ano. No Brasil, ainda são poucos os estudos que analisam a sobrevida de pessoas que tiveram diagnóstico de câncer, em especial o câncer de mama.
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