11/03/2022

Solidão e ansiedade social têm bases neurais diferentes

Redação do Diário da Saúde
Solidão e ansiedade social têm bases neurais diferentes
A atividade da amígdala foi significativamente aprimorada durante a fase de decisão do jogo, quando os participantes escolheram a opção arriscada com um parceiro humano em comparação com o parceiro de computador.
[Imagem: Lieberz et al. - 10.1523/JNEUROSCI.2029-21.2022]

Solidão versus fobia social

Apesar de apresentarem sintomas semelhantes, a solidão e a ansiedade social são geradas por diferentes estados cerebrais, garantem Jana Lieberz e seus colegas do Hospital Universitário de Bonn (Alemanha).

A solidão pode ter consequências prejudiciais para a saúde física e mental, mas atualmente existem poucas intervenções comportamentais para lidar com ela, como existem para outras condições.

Para tentar mudar isso, Lieberz estudou as bases dessas duas condições comparando como as pessoas com ansiedade social e solidão fraca ou intensa se comportavam em uma tarefa de jogo social.

Os participantes jogaram um jogo de computador onde podiam fazer uma aposta segura e ganhar uma quantia menor de dinheiro, ou fazer uma aposta mais arriscada em busca de um prêmio maior. Se fizessem a aposta mais arriscada, os voluntários viam um vídeo rápido de um humano virtual mostrando aprovação ou desaprovação, aleatoriamente.

As pessoas com ansiedade social passaram a fazer a aposta segura com mais frequência, para evitar o feedback social dos vídeos. Mas as pessoas com solidão, mesmo intensa, não demonstraram essa evasão social.

Solidão é diferente de ansiedade social

Ao medir a atividade cerebral dos voluntários durante a tarefa, usando ressonância magnética funcional (fMRI), os pesquisadores descobriram que as pessoas com ansiedade social apresentavam um aumento da ativação da amígdala durante a fase de decisão - um sinal de ansiedade aumentada - e uma ativação reduzida do núcleo accumbens durante a fase de feedback - um sinal de redução na recompensa social.

Nenhum padrão de atividade apareceu nas pessoas com solidão intensa, indicando que a solidão é uma condição única que requer suas próprias intervenções.

Isso contesta as propostas de alguns especialistas, que indicam para as pessoas com forte solidão as mesmas terapias para aquelas com fuga das interações sociais.

"Nossas descobertas sugerem que, ao contrário da fobia social, a solidão não está associada ao afastamento das interações sociais. Assim, as intervenções estabelecidas para a fobia social devem ser ajustadas ao visar a solidão," disse Lieberz.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Behavioral and neural dissociation of social anxiety and loneliness
Autores: Jana Lieberz, Simone G. Shamay-Tsoory, Nira Saporta, Alisa Kanterman, Jessica Gorni, Timo Esser, Ekaterina Kuskova, Johannes Schultz, René Hurlemann, Dirk Scheele
Publicação: Journal of Neuroscience
DOI: 10.1523/JNEUROSCI.2029-21.2022
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