05/07/2019

Tecidos normais estão cheios de mutações genéticas

Redação do Diário da Saúde
Tecidos normais não são assim tão normais: Eles estão cheios de mutações genéticas
As mutações genéticas apareceram em 95% de todos os doadores analisados.
[Imagem: 10.1126/science.aaw0726]

Normalidade relativa

Populações celulares normais podem não ser tão "normais" como se pensava. Em vez desse quadro mais homogêneo, os tecidos contêm linhagens de mosaicos mutacionais desenvolvidos ao longo da vida,

Esta é a principal conclusão de uma análise abrangente do sequenciamento de RNA de mais de 6.700 amostras de 29 tecidos humanos diferentes, que acaba de ser publicada pela revista Science.

Keren Yizhak e seus colegas do MIT descobriram que mutações somáticas - incluindo genes associados ao risco de câncer - surgem em praticamente todos os tipos de tecidos normais no corpo humano.

Além disso, os resultados indicam que os tecidos da pele, garganta e pulmão expostos ao Sol desenvolvem mais mutações e reforçam a descoberta recente de que fatores ambientais podem promover mutações somáticas - a chamada herança epigenética, que alguns cientistas já defendem ser mais frequente que a herança pelo DNA.

"Mesmo a promessa oferecida pelas metodologias de detecção precoce do câncer, através de DNA livre de células, depende criticamente da compreensão do que é normal e do que não é," escreveu a pesquisadora Cristian Tomasetti em uma análise feita para a Science observando o significado dos resultados da pesquisa.

Mutações são mais comuns do que se pensava

Conforme as pessoas envelhecem, elas acumulam mutações nas células saudáveis dos tecidos normais. Geralmente, essas mutações se acumulam passivamente com um efeito insignificante no comportamento celular.

No entanto, as células mutantes podem tornar-se populações crescentes de clones mutantes prejudiciais, que se acredita serem a origem de várias doenças.

Embora pesquisas anteriores tenham associado expansões clonais em tecidos normais com câncer, uma compreensão de quais clones específicos poderiam eventualmente levar ao desenvolvimento e progressão da doença ainda não está clara. Por exemplo, recentemente se descobriu que mutações genéticas nem sempre são uma má notícia.

De fato, essa pressuposição sobre a conexão entre mutações e doenças parte do quadro mais simples traçado até agora pelos cientistas, em que tecidos "normais" apresentariam mutações possivelmente danosas em pequeno número. Ocorre que, assim como o DNA não explica todos os traços herdados, sabe-se também que o câncer não é causado apenas pela genética.

De fato, agora os pesquisadores identificaram expansão clonal em 37% das amostras de tecido representando quase todos os indivíduos doadores (95%). Um terço dos indivíduos abrigava mutações em regiões genômicas ou genes que têm sido associados com um papel causal no câncer.

Estes resultados mostram que a carga mutacional de um tecido está associada à idade, à taxa de proliferação celular e à exposição a fatores ambientais mutagênicos externos. O papel que essa carga desempenha no desenvolvimento das doenças, contudo, pode ser mais complexo do que se imaginava.

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