17/01/2020

Seres humanos estão esfriando, e temperatura corporal média não é mais de 37 °C

Com informações da New Scientist
Corpo humano está esfriando, e temperatura corporal média não é mais de 37 °C
Os corpos das pessoas estão esfriando desde a década de 1860.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Aquecimento global, resfriamento pessoal

Todo mundo sabe que a temperatura média do corpo humano é de 37 °C, certo? Bem, se todos responderam sim, então todo mundo está errado.

Acontece que o corpo humano está esfriando desde a década de 1860.

Médicos que estudaram a temperatura corporal sabem há décadas que 37 °C estava muito alto, conta a professora Julie Parsonnet, da Universidade de Stanford (EUA). "Mas eles sempre pensaram que era apenas um erro de medição no passado, não porque a temperatura havia realmente caído".

Para descobrir o que realmente estava acontecendo, Parsonnet e sua equipe combinaram três conjuntos de dados.

O primeiro abrangeu 23.710 veteranos do Exército da União da Guerra Civil Norte-Americana, cujas temperaturas foram medidas entre 1860 e 1940. Os outros conjuntos de dados abrangeram de 1971 a 1975 e de 2007 a 2017. No total, a equipe analisou 677.423 medições de temperatura.

Qual é a temperatura média do corpo humano?

Em média, a temperatura corporal entre os norte-americanos analisados diminuiu 0,03 °C por década. Homens nascidos no início do século 19 tinham temperaturas corporais 0,59 °C mais altas que os homens de hoje. Os dados para as mulheres não atingem todo o período, mas a temperatura do corpo feminino caiu 0,32 °C desde a década de 1890.

Isso significa que a temperatura corporal média hoje é de cerca de 36,6 °C, e não 37 °C, como se pensa.

A professora Parsonnet oferece duas evidências de que a queda é real, e não simplesmente o resultado de os termômetros mais antigos não serem confiáveis.

Primeiro, a tendência de resfriamento é visível nos conjuntos de dados mais modernos, nos quais os termômetros usados eram presumivelmente mais confiáveis. "O declínio que vimos das décadas de 1860 a 1960, nós vimos o mesmo declínio da década de 1960 até hoje," disse Parsonnet. "Não acho que haja muita diferença nos termômetros entre os anos 1960 e os de hoje."

Segundo, se as medições estivessem erradas, seria de se esperar que as temperaturas fossem determinadas pelo período em que as medições foram colhidas, uma vez que a tecnologia dos termômetros mudou com o tempo. Mas não é esse o caso, uma vez que o agrupamento das medidas pelas datas de nascimento dos indivíduos se alinha com as mudanças de temperatura. As pessoas mais velhas apresentaram temperaturas corporais mais altas do que as pessoas mais jovens quando as medições foram tomadas ao mesmo tempo. Isso significa que mudanças nos termômetros não podem explicar o efeito.

Resfriamento do corpo humano

"A explicação mais provável, na minha opinião, é que, microbiologicamente, somos pessoas muito diferentes do que éramos," disse Parsonnet. "As pessoas modernas têm menos infecções, graças a vacinas e antibióticos, por isso nosso sistema imunológico é menos ativo e nossos tecidos corporais menos inflamados."

Se isso é verdade, a temperatura corporal também deve ter caído em outros países onde a saúde das pessoas melhorou - mas isso precisará ser aferido por conjuntos de dados nacionais em cada caso.

E a tendência de resfriamento do corpo humano não mostra sinais de interrupção num futuro próximo, disse Parsonnet: "Haverá um limite, não vamos chegar a zero. Mas eu simplesmente não sei qual é esse limite."

Checagem com artigo científico:

Artigo: Decreasing human body temperature in the United States since the industrial revolution
Autores: Myroslava Protsiv, Catherine Ley, Joanna Lankester, Trevor Hastie, Julie Parsonnet
Publicação: eLife
DOI: 10.7554/eLife.49555
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