27/12/2022

Tratamentos de longevidade não retardam o envelhecimento

Redação do Diário da Saúde
Tratamentos de longevidade não retardam o envelhecimento
As terapias podem ajudar você a ficar velho e saudável - mas você continuará envelhecendo normalmente.
[Imagem: Tri Le/Pixabay]

Não rejuvenesce

Pesquisadores decidiram examinar de perto três abordagens de tratamento que, segundo se acredita, retardam o processo de envelhecimento natural do corpo.

No entanto, quando testados em cobaias, esses tratamentos se mostraram amplamente ineficazes em seu suposto impacto no envelhecimento.

"Não existe um relógio interno de envelhecimento que você possa regular com um simples interruptor - pelo menos não na forma dos tratamentos estudados aqui," disse o Dr. Dan Ehninger, do Centro Alemão para Doenças Neurodegenerativas (DZNE).

Para começar, a equipe desenvolveu uma nova abordagem analítica para tornar mensuráveis as influências dos processos de envelhecimento. E então escolheu os tratamentos disponíveis e promovidos como sendo capazes de retardar o envelhecimento.

"Nós escolhemos três reguladores para nossas intervenções, que muitos especialistas acreditam retardar o envelhecimento," explica o Dr. Martin de Angelis, membro da equipe.

Como seria muito demorado estudar os efeitos em humanos, a equipe fez os testes em cobaias, cujo tempo de vida muito mais curto permite observar todos os efeitos em múltiplos indivíduos.

Tratamentos de longevidade não retardam o envelhecimento
Recentemente se demonstrou que fazer transfusão de sangue de um animal velho em outro mais jovem causa envelhecimento do mais jovem.
[Imagem: Ok Hee Jeon et al. - 10.1038/s42255-022-00609-6]

Tratamento contra envelhecimento

O primeiro dos tratamentos contra o envelhecimento, que não se trata exatamente de um produto comercial, mas de uma orientação, é o jejum intermitente, no qual as calorias consumidas diariamente são reduzidas.

O tratamento número dois tem como alvo um nódulo central do metabolismo celular (mTOR), que também é o alvo da suposta "droga antienvelhecimento" rapamicina.

O número três, por sua vez, interfere na liberação do hormônio do crescimento. Tratamentos semelhantes também são usados por humanos, embora sua eficácia em relação ao envelhecimento não tenha sido suficientemente comprovada.

Para aferir os efeitos nos camundongos, os cientistas desenvolveram uma nova resposta para a questão de como medir o envelhecimento. Eles escolheram uma abordagem que não enfatiza o tempo de vida - animais e humanos podem morrer de inúmeras causas, e não apenas pelo envelhecimento natural. Assim, a métrica se concentra em uma investigação abrangente das mudanças relacionadas à idade em uma ampla gama de funções corporais.

"Você pode pensar nisso como uma pesquisa completa do estado de saúde," explicou de Angelis. "O exame de saúde resulta em um compêndio de centenas de fatores que cobrem muitas áreas da fisiologia" - uma descrição exata do estado do animal no momento do exame.

Melhora a saúde, mas não retarda envelhecimento

Os resultados foram inequívocos: Camundongos jovens e velhos se beneficiaram igualmente dos tratamentos.

Embora os pesquisadores tenham conseguido identificar casos individuais em que camundongos velhos pareciam mais jovens do que realmente eram, ficou claro que "esse efeito não se devia à desaceleração do envelhecimento, mas sim a fatores independentes da idade," disse o professor Ehninger.

"O fato de um tratamento já ter efeito em camundongos jovens - antes do aparecimento de mudanças dependentes da idade nas medidas de saúde - prova que esses são efeitos compensatórios e gerais de promoção da saúde, não um direcionamento dos mecanismos do envelhecimento," acrescentou ele.

Em outras palavras, os três tratamentos podem de fato gerar benefícios à saúde de alguns indivíduos, mas não retardam seu envelhecimento e nem agem sobre ele.

A equipe agora pretende estender os testes para investigar outras abordagens de tratamento que alguns especialistas acreditam poder retardar o envelhecimento.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Deep phenotyping and lifetime trajectories reveal limited effects of longevity regulators on the aging process in C57BL/6J mice
Autores: Kan Xie, Helmut Fuchs, Enzo Scifo, Dan Liu, Ahmad Aziz, Juan Antonio Aguilar-Pimentel, Oana Veronica Amarie, Lore Becker, Patricia da Silva-Buttkus, Julia Calzada-Wack, Yi-Li Cho, Yushuang Deng, A. Cole Edwards, Lillian Garrett, Christina Georgopoulou, Raffaele Gerlini, Sabine M. Hölter, Tanja Klein-Rodewald, Michael Kramer, Stefanie Leuchtenberger, Dimitra Lountzi, Phillip Mayer-Kuckuk, Lena L. Nover, Manuela A. Oestereicher, Clemens Overkott, Brandon L. Pearson, Birgit Rathkolb, Jan Rozman, Jenny Russ, Kristina Schaaf, Nadine Spielmann, Adrián Sanz-Moreno, Claudia Stoeger, Irina Treise, Daniele Bano, Dirk H. Busch, Jochen Graw, Martin Klingenspor, Thomas Klopstock, Beverly A. Mock, Paolo Salomoni, Carsten Schmidt-Weber, Marco Weiergräber, Eckhard Wolf, Wolfgang Wurst, Valérie Gailus-Durner, Monique M. B. Breteler, Martin Hrab de Angelis, Dan Ehninger 
Publicação: Nature Communications
Vol.: 13, Article number: 6830
DOI: 10.1038/s41467-022-34515-y
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