25/10/2013

Treinamento cerebral melhora memória, não inteligência

Redação do Diário da Saúde
Também já se sabe que os testes de inteligência, ou de QI, não medem muita coisa.
[Imagem: UWO]

Aplicativos e sites de "treinamento cerebral" estão se tornado cada vez mais populares.

Contudo, embora possa parecer tentador melhorar suas habilidades mentais, é melhor não ir com tanta sede ao pote, alertam pesquisadores.

Uma avaliação desses treinamentos do cérebro revelou que os programas reforçam a capacidade para armazenar informações, ou seja, sua memória.

Contudo, eles não vão trazer nenhum benefício para o tipo de inteligência que ajuda você a raciocinar e resolver problemas.

Os resultados foram publicados na revista Psychological Science por Randall Engle e seus colegas do Instituto de Tecnologia da Geórgia (EUA).

Memória e inteligência fluida

De acordo com Engle, as alegações desses sites e programas são baseadas em pesquisas que mostram uma forte correlação entre a capacidade de memória de trabalho e a inteligência fluida geral.

A capacidade de memória de trabalho se refere à nossa habilidade para nos lembrarmos de informações, particularmente na presença de distrações.

Já a inteligência fluida é a capacidade para inferir relações, fazer raciocínios complexos e resolver problemas novos.

A correlação entre a memória de trabalho e a inteligência fluida levou alguns pesquisadores a supor que melhorar a memória de trabalho levaria automaticamente a um aumento também na inteligência fluida.

Mas "isso pressupõe que os dois construtos são a mesma coisa, ou que a memória de trabalho é a base para a inteligência fluida," observa Engle.

Foi isto que ele quis colocar à prova, aplicando uma bateria de testes antes e depois do treinamento cerebral.

Correlação não é igualdade

Os testes visavam medir a melhoria e a transferência da aprendizagem, incluindo uma variedade de medições da memória de trabalho e três indicadores de inteligência fluida.

Os resultados foram claros: nenhum dos grupos apresentou qualquer benefício nos indicadores de inteligência fluida.

Somente os estudantes que treinaram em tarefas complexas apresentaram uma transferência da memória de trabalho para outras tarefas, mas também não tiveram melhoria na inteligência fluida.

Engle aponta que, apenas porque a inteligência fluida e a memória de trabalho são altamente correlacionadas, isso não significa que elas sejam a mesma coisa.

"O peso e a altura dos seres humanos também estão fortemente correlacionados, mas poucas pessoas razoáveis vão supor que a altura e o peso são a mesma variável," explica Engle. "Se fossem, o ganho de peso tornaria você mais alto, e perder peso o faria mais baixo - aqueles de nós que ganham e perdem peso periodicamente podem atestar que isso não é verdade."

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