Tricloroetileno
Um produto químico comum e amplamente utilizado em produtos de consumo pode estar alimentando o aumento da doença de Parkinson, a doença cerebral que mais cresce no mundo.
Nos últimos 100 anos, o tricloroetileno (TCE) tem sido usado para descafeinar café, desengordurar metais, lavar roupas a seco e como solvente industrial, mas também já esteve envolvido em vários casos de contaminação em várias partes do mundo.
O Dr. Dorsey Raya e colegas de várias instituições de pesquisa se juntaram agora para reunir indícios de que o TCE está fortemente envolvido com o risco de Parkinson - já se sabe que o composto causa câncer, está ligado a abortos espontâneos e doenças cardíacas congênitas.
A conexão entre TCE e Parkinson foi sugerida pela primeira vez em estudos de caso há mais de 50 anos. Nos anos seguintes, pesquisas em camundongos e ratos mostraram que o TCE entra facilmente no cérebro e nos tecidos do corpo e, em altas doses, danifica as partes produtoras de energia das células, as mitocôndrias. Em estudos com animais, o TCE causa perda seletiva de células nervosas produtoras de dopamina, uma característica da doença de Parkinson em humanos.
A equipe detalhou o uso generalizado do produto químico, as evidências que o ligam ao Parkinson e traçaram o perfil de sete indivíduos, incluindo um ex-jogador de basquete da NBA, um capitão da Marinha e um falecido senador dos EUA, que desenvolveram a doença de Parkinson depois de trabalhar com o produto químico ou estar exposto a ele no meio ambiente.
Monitoramento, remediação e banimento
A principal conclusão do estudo é que indivíduos que trabalharam diretamente com o tricloroetileno têm um risco elevado de desenvolver Parkinson. No entanto, os autores alertam que "milhões mais encontram o produto químico sem saber através do ar externo, águas subterrâneas contaminadas e poluição do ar interno".
Além de seus riscos para a água, que envolve o maior número de contaminações documentadas, o TCE volátil pode evaporar facilmente e entrar em casas, escolas e locais de trabalho, muitas vezes sem ser detectado. Hoje, essa invasão de vapor provavelmente está expondo milhões de pessoas que vivem, estudam e trabalham perto de antigas instalações de lavagem a seco, áreas militares e industriais ao ar interno tóxico.
A intrusão de vapor foi relatada pela primeira vez na década de 1980, quando se descobriu que o radônio evaporava do solo e entrava nas casas, aumentando o risco de câncer de pulmão. Hoje, milhões de lares são testados para o radônio, mas quase não há monitoramento do cancerígeno TCE.
Os autores propõem uma série de ações para enfrentar a ameaça à saúde pública que o tricloroetileno representa. Eles observam que os locais contaminados podem ser remediados e a exposição ao ar interno pode ser mitigada por sistemas de remediação de vapor, semelhantes aos usados para o radônio.
Finalmente, eles pedem o banimento do uso do tricloroetileno.
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