24/08/2010

Veneno de abelha pode ser usado para tratar reumatismo

Rafaela Carvalho - Agência USP
Veneno de abelha pode ser usado para tratar reumatismo
Apesar do ceticismo dos médicos, pesquisa realizada na USP mostra que o veneno de abelha é mesmo eficaz contra o reumatismo.
[Imagem: Aaron1a12/Wikimedia]

Crença popular

Pacientes diagnosticados com artrite apresentam melhora do quadro clínico quando são acidentalmente picados por abelhas.

Essa ligação, aparentemente casual, foi a inspiração da médica Izabella Cordeiro Freire Saad Rached, da Faculdade de Medicina da USP.

A pesquisadora conta que a crença popular na ligação das duas coisas é tão grande que há até mesmo uma comercialização clandestina de veneno de abelha para o tratamento de doenças reumatológicas.

Crença científica

"Os médicos são céticos com essa relação, mas essa crença tem bastante força. Por isso, resolvemos investigar," diz ela.

E o conhecimento popular venceu de novo: de fato, há uma ligação: a diminuição da dor causada pela artrite está associada a um cortisol chamado glicocorticoide.

"É uma substância endógena, ou seja, que o próprio corpo produz, cuja quantidade aumenta para diminuir as inflamações," esclarece Izabella.

Segundo a pesquisadora, uma das dificuldades do trabalho foi conseguir descobrir a dosagem certa de veneno de abelha para ser utilizada no tratamento.

"No começo, não houve resultados, mas depois de muitas tentativas chegamos à dosagem de 1,5 micrograma de veneno de abelha por quilo de peso. Essa dosagem deveria ser aplicada uma vez ao dia para, assim, apresentar ação anti-inflamatória durante o período de análise."

Veneno de abelha vence artrite

Para realizar o tratamento, Izabella utilizou o caminho inverso. Após descobrir a dosagem correta, aplicou o veneno na região subcutânea de coelhos para mais tarde induzir a artrite. Dessa forma era possível observar passo a passo a ação do glicocorticoide.

Izabella conta que a aplicação do veneno provocava uma primeira inflamação nos coelhos, estimulando a produção e liberação do cortisol para que o processo anti-inflamatório começasse a acontecer. Logo em seguida, a artrite era induzida clinicamente nos coelhos, sendo assim a segunda inflamação a acontecer.

A surpresa da pesquisadora foi constatar que os altos níveis de glicocorticoide na corrente sanguínea dos coelhos conseguiram atenuar a inflamação provocada pela artrite. "A inflamação causada pelo veneno de abelha aumentou o nível do glicocorticoide endógeno e fez com que a artrite, exercendo o papel de segunda inflamação, perdesse força quando em sua atuação. Isso mostra que o veneno de abelha pode servir como tratamento preventivo contra a doença."

Bloqueando a ação do glicocorticoide, Izabella notou que os coelhos não apresentaram melhora em seus quadros, o que comprovou a importância do cortisol na pesquisa.

Recentemente, pesquisadores norte-americanos descobriram que o veneno de abelha pode combater o câncer.

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