Açaí contra malária
Apesar dos melhores esforços para erradicar a malária, a doença atingiu mais de 200 milhões de pessoas em 2017, segundo a Organização Mundial da Saúde. Pior ainda, o parasita que causa a malária está desenvolvendo resistência a muitos medicamentos antimaláricos, incluindo o principal, a cloroquina.
A ótima notícia é que um grupo de pesquisadores, em sua maioria brasileiros, descobriu que extratos de açaí podem reduzir os parasitas no sangue e prolongar a sobrevivência. Os experimentos até agora foram feitos apenas em animais de laboratório, mas os resultados são animadores o suficiente para levar a pesquisa a uma nova etapa.
O açaí é nativo do Brasil e curandeiros tradicionais já usam as frutas para tratar os sintomas da malária há séculos. Nos últimos anos, o alto conteúdo antioxidante da fruta aumentou sua popularidade fora do país e tem levado alguns pesquisadores a considerá-la um "superalimento".
Essa atividade antioxidante tem origem principalmente nos polifenóis, compostos que têm sido associados a benefícios à saúde, como perda de peso, prevenção de doenças cardiovasculares e diminuição do risco de câncer.
Polifenóis do açaí
Letícia Ferreira e colegas das universidades de Campinas (Unicamp) e da Universidade A&M do Texas (EUA) extraíram polifenóis das bagas de açaí e depois aplicaram os extratos a culturas de parasitas da malária cultivadas em uma placa de Petri.
A equipe constatou que uma classe de polifenóis chamados fenólicos de nonantocianinina inibiu o crescimento dos parasitas da malária tanto sensíveis quanto resistentes à cloroquina.
Em seguida, os pesquisadores administraram oralmente os polifenóis de açaí a camundongos infectados com malária. O tratamento reduziu a carga parasitária no sangue dos animais em 89,4%, em comparação com os camundongos não tratados. Todos os animais que receberam polifenóis sobreviveram por mais de 15 dias, enquanto nenhum dos não tratados sobreviveu.
Os extratos de açaí parecem interferir na homeostase proteica dos parasitas ou no equilíbrio entre produção e degradação de proteínas, dizem os pesquisadores. Este será o tema seguinte de sua pesquisa, antes de partir para os testes em humanos.
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