25/01/2011

Bancários conseguem acordo inovador contra assédio moral

Com informações da Agência Brasil

Combate ao assédio moral

A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) assinarão na próxima quarta-feira (26) um acordo inédito para combater o assédio moral.

O compromisso vai abrir um canal de comunicação entre sindicatos e empresas para acompanhamento dos casos de abuso ocorridos no ambiente de trabalho e, segundo especialistas, representa uma inovação nas relações trabalhistas do país.

De acordo com o juiz Francisco Pedro Jucá, do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP), será a primeira vez que empregados e empregadores fecham uma proposta conjunta contra os assédios.

A elaboração dessa proposta estava prevista no acordo coletivo firmado entre bancários e bancos no ano passado.

Assédio moral

Para Jucá, a assinatura do compromisso "é um passo muito importante".

O juiz explicou que o assédio moral é um tipo de pressão constante e desproporcional, que tem como objetivo minar a autoestima do trabalhador.

Essa pressão pode vir em forma de cobranças exageradas ou de exposição do empregado a situações vexatórias, humilhantes ou ridículas.

O magistrado disse ainda que o assédio moral é, geralmente, praticado pelo chefe do trabalhador. Entretanto, a Justiça já reconhece como assédio casos em que o trabalhador sente-se humilhado ou desqualificado por colegas do mesmo nível hierárquico.

"Este é o chamado assédio horizontal", complementa o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Fundação Getulio Vargas (FGV) Roberto Heloani. "Esses casos já são 20% do total dos assédios ocorridos em empresas do país."

Consequências do assédio moral

Heloani é especialista em Psicologia do Trabalho e co-autor do livro Assédio Moral no Trabalho. Ele diz que os assédios são práticas intencionais, frequentes e de efeitos gravíssimos nas vítimas. Por isso, ele apoia a iniciativa da Contraf e da Fenaban de coibir esse tipo de abuso.

"O assédio destrói a dignidade do trabalhador. Destrói o sujeito como pessoa", afirma. "Ele tem consequências terríveis para a saúde. Causa transtornos mentais e doenças no coração."

O assédio traz, inclusive, prejuízos às empresas e à Previdência Social. Segundo o professor, a quantidade de afastamentos médicos de funcionários decorrentes de assédios é grande. O combate aos abusos, portanto, deveria ser iniciativa de todos os empresários e, também, do governo. "Têm pessoas de 30 ou 40 anos se aposentando porque não aguentam mais trabalhar", alerta.

Siga o Diário da Saúde no Google News

Ver mais notícias sobre os temas:

Trabalho e Emprego

Ética

Relacionamentos

Ver todos os temas >>   

A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.