12/10/2009

Alimentos probióticos ajudam na cura de infecções vaginais

Júlio Bernardes - Agência USP
Alimentos probióticos ajudam na cura de infecções vaginais
Os probióticos em cápsulas, testados em pacientes com candidíase vulvovaginal e vaginose bacteriana, apresentam potencial para utilização no tratamento clínico dessas patologias.
[Imagem: USP]

Microrganismos probióticos

Culturas láticas probióticas em associação com medicamentos antimicrobianos tradicionais podem aumentar a taxa de cura de infecções vaginais. A conclusão é de uma pesquisa realizada pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP.

A combinação, testada em pacientes com candidíase vulvovaginal (CVV) e vaginose bacteriana (VB), apresenta potencial para ser utilizada no tratamento clínico dessas patologias.

"A escolha das linhagens de microrganismos probióticos L. rhamnosus GR-1 e L. reuteri RC-14 para serem empregadas no estudo foi baseada no fato delas serem, até o momento, as mais promissoras na restauração e manutenção de uma microbiota vaginal saudável", explica o farmacêutico-bioquímico Rafael Chacon Ruiz Martinez, que fez a pesquisa.

Probióticos em cápsulas

Participaram dos testes clínicos 64 pacientes diagnosticadas com VB e 68 com CVV, além de um grupo de 64 pacientes saudáveis que serviu como controle. As pacientes diagnosticadas com CVV, através de determinações clínico-laboratoriais, receberam dose única do antifúngico fluconazol (150mg) e suplementação diária aleatória com duas cápsulas para uso oral com probióticos ou duas cápsulas de placebo - preparação neutra sem efeito farmacológico -, durante quatro semanas.

O procedimento clínico também foi realizado entre as mulheres com diagnóstico de VB, que receberam dose única do antibiótico tinidazol (2g) e suplementação aleatória com duas cápsulas com os microrganismos ou placebo, pelo mesmo período.

Resultados positivos

Ao final do tratamento foi observado aumento da taxa de cura nos dois grupos de pacientes avaliados com a suplementação dos probióticos.

"No caso das pacientes acometidas com CVV, o tratamento com agente antifúngico e placebo registrou 65,4% de taxa de cura, enquanto na associação com as cápsulas do probiótico a taxa determinada foi de 89,7%", aponta o pesquisador.

"Da mesma forma, entre as pacientes com VB, a combinação com probióticos elevou a taxa de cura para 87,5%, enquanto entre as pacientes tratadas com tinidazol e placebo esta foi estimada em 50%".

Restrições

De acordo com Martinez, os resultados da pesquisa são promissores, mas devem ser avaliados com cautela, pois o trabalho envolveu um número relativamente pequeno de pacientes. "Além disso, foram excluídas mulheres grávidas, imunossuprimidas, diabéticas e que utilizaram antimicrobianos sistêmicos ou intravaginais 14 dias antes da consulta ginecológica", ressalta.

O pesquisador também relata que uma parcela muito pequena das pacientes avaliadas nos testes clínicos exibiu efeitos adversos, como aumento do apetite, ocorrência de fezes líquidas ou episódios de dor de cabeça persistentes.

"Porém, os sintomas não puderam ser definitivamente associados com a utilização dos microrganismos probióticos ou dos agentes antimicrobianos testados", afirma. "Serão necessários mais estudos para a compreensão dos exatos mecanismos de ação envolvidos no sucesso terapêutico obtido com a combinação entre agentes antimicrobianos e probióticos".

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