10/08/2015

Antioxidantes podem fazer mal ao sistema cardiovascular

Com informações da Agência Fapesp

Apesar da intensa propaganda feita pelos meios de comunicação, os antioxidantes podem não ser sempre benéficos para a saúde.

Já se sabe, por exemplo, que os antioxidantes podem acelerar o câncer e até mesmo apressar o processo de envelhecimento.

Agora, pesquisadores do Incor (Instituto do Coração da USP) demonstraram que um antioxidante largamente consumido pela população pode ter efeitos danosos para o sistema cardiovascular.

Ácido lipoico

A equipe do professor Francisco Laurindo surpreendeu-se com os resultados que contrariam a crença de que o ácido lipoico, um poderoso antioxidante, poderia ser um aliado na prevenção de doenças que afetam o sistema cardiovascular.

"O ácido lipoico é um suplemento alimentar amplamente vendido em todo o mundo e é considerado bastante seguro. Ficamos surpresos com o resultado negativo do tratamento," disse Laurindo.

O experimento foi feito com camundongos geneticamente modificados para desenvolver uma condição similar à síndrome de Marfan, um distúrbio genético que afeta o tecido conjuntivo e pode causar a dilatação e o rompimento da artéria aorta. A doença pode ser causada por diversas mutações - herdadas ou esporádicas - no gene da proteína fibrilina-1. Estima-se que a síndrome de Marfan afete uma em cada 10 mil pessoas nascidas vivas.

"A aorta é, essencialmente, um tubo elástico, e a fibrilina é o principal componente das microfibrilas elásticas. Em portadores de Marfan, a deficiência da proteína diminui a resistência da artéria e, como consequência, ela tende a se dilatar quando o sangue é ejetado pelo coração", explicou Laurindo.

Oxidantes protetores

Em experimentos anteriores, o grupo do Incor havia observado que os camundongos com Marfan em estágio avançado apresentam na aorta uma maior produção de substâncias oxidantes - genericamente chamadas de radicais livres -, como peróxido de hidrogênio e radical superóxido.

Essas moléculas são tradicionalmente consideradas prejudiciais às células, pois podem danificar proteínas, lipídeos e outros componentes importantes para o funcionamento celular.

A equipe comparou os efeitos do antioxidante ácido lipoico com o anti-hipertensivo losartana.

"Mostramos por dois métodos diferentes que a produção de substâncias oxidantes estava de fato reduzida no grupo que recebeu o ácido lipoico. No entanto, o aneurisma de aorta no sexto mês de vida estava ainda pior do que no grupo controle", revelou Laurindo.

Ou seja, os radicais livres, ou substâncias oxidantes, desempenharam um papel protetor.

"Agora pretendemos estudar melhor os mecanismos envolvidos nesse processo", disse o professor Laurindo.

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