09/11/2023

Brasileiros descobrem substância que trata insuficiência cardíaca

Redação do Diário da Saúde
Brasileiros descobrem substância capaz de amenizar a insuficiência cardíaca
A empresa parceira já finalizou os testes clínicos de segurança, e agora buscará autorização para testes em pacientes.
[Imagem: Ligia A. Kiyuna et al. - 10.1093/eurheartj/ehad662]

Insuficiência cardíaca

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram uma substância sintética capaz de melhorar o quadro de insuficiência cardíaca.

Caracterizada por problemas de bombeamento do sangue pelo coração, a insuficiência cardíaca é a enfermidade que mais mata no mundo porque as demais doenças que afetam o sistema cardiovascular tendem a evoluir para essa condição. Embora exista uma série de tratamentos capazes de frear a progressão da insuficiência cardíaca, ainda não há terapias capazes de reverter a doença, nem mesmo parcialmente. Em casos mais graves, a única opção é o transplante de coração.

A nova substância, denominada AD-9308, restaura a atividade da proteína aldeído desidrogenase 2 (ALDH2), que está presente na mitocôndria (organela que gera energia para as células) e tem papel central no desenvolvimento da insuficiência cardíaca.

"Trata-se de um estudo de mais de dez anos e que evoluiu da bancada ao leito do paciente. O objetivo foi detalhar um novo mecanismo envolvido na progressão da insuficiência cardíaca. Paralelamente aos nossos experimentos, a empresa biofarmacêutica foi melhorando uma molécula que mostramos - ainda em 2014 - ter potencial para tratar a doença," contou o professor Júlio Ferreira, referindo-se à empresa Foresee Pharmaceuticals, responsável pelos testes.

Ensaios clínicos

O protótipo do composto foi originalmente batizado pela equipe de Alda-1. Na época, os pesquisadores observaram que camundongos com insuficiência cardíaca tratados com o fármaco apresentavam um aumento de 40% no volume de sangue bombeado, e esse efeito era decorrente da ativação da enzima mitocondrial ALDH2.

Desde então, foram feitas modificações estruturais na molécula para potencializar o efeito farmacológico e qualificá-la como um potencial composto a ser desenvolvido. Após muitos testes, chegou-se à versão de número 5.591, denominada AD-9308. "Essa nova versão ativa a enzima ALDH2 três vezes mais do que a molécula original," contou Júlio.

Segundo o pesquisador, a empresa parceira já finalizou os testes clínicos de segurança da AD-9308. "Os resultados mostram que a molécula sintética é bem tolerada por indivíduos saudáveis. O próximo passo, possivelmente, será submeter um pedido junto à FDA [a agência de vigilância sanitária dos Estados Unidos] para testar o candidato a fármaco em humanos com insuficiência cardíaca. Isso exige um número maior de voluntários e mais tempo. Mas só assim será possível verificar para qual tipo de insuficiência cardíaca e qual estágio da doença a AD-9308 é indicada," concluiu Júlio.

Checagem com artigo científico:

Artigo: 4-Hydroxynonenal impairs miRNA maturation in heart failure via Dicer post-translational modification
Autores: Ligia A. Kiyuna, Darlan S. Candido, Luiz R. G. Bechara, Itamar C. G. Jesus, Lisley S. Ramalho, Barbara Krum, Ruda P. Albuquerque, Juliane C. Campos, Luiz H. M. Bozi, Vanessa O. Zambelli, Ariane N. Alves, Nicolás Campolo, Mauricio Mastrogiovanni, Silvina Bartesaghi, Alejandro Leyva, Rosario Durán, Rafael Radi, Guilherme M. Arantes, Edécio Cunha-Neto, Marcelo A. Mori, Che-Hong Chen, Wenjin Yang, Daria Mochly-Rosen, Ian J. MacRae, Ludmila R. P. Ferreira, Julio C. B. Ferreira
Publicação: European Heart Journal
Vol.: ehad662
DOI: 10.1093/eurheartj/ehad662
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