21/05/2015

Carboidrato do soro de leite aumenta imunidade a doenças

Com informações da Agência Fapesp

Oligossacarídeos

O leite materno humano possui carboidratos chamados oligossacarídeos, que servem de alimento para bactérias benéficas, como a Bifidobacterium infantis.

Ao se proliferar e colonizar o intestino, essas bactérias benéficas aumentam a imunidade e ajudam a proteger os bebês de infecções e doenças causadas por micróbios prejudiciais à saúde, como a Escherichia coli.

"Evidências mostram que o leite materno promove a saúde intestinal dos bebês, ajudando a aumentar a imunidade e protegê-los de uma ampla gama de problemas de saúde, como obesidade, diabetes, problemas de fígado e doenças cardiovasculares", explica Daniela Barile, professora da Universidade da California em Davis (EUA).

Mas a maior novidade é que esses carboidratos do leite materno poderão ser utilizados também por pacientes mais crescidos.

Soro de leite permeado

O grupo de pesquisadores da universidade californiana, liderado pela cientista italiana, está obtendo do soro de leite permeado - um produto obtido por meio da remoção parcial da proteína do soro de leite - oligossacarídeos semelhantes aos do leite materno humano.

A ideia é adicioná-los a suplementos alimentares para restaurar o equilíbrio microbiano no trato digestivo e possibilitar aumentar a imunidade de pessoas com sistemas imunológicos comprometidos - como pacientes com HIV ou submetidos à quimioterapia -, além de adultos, idosos e bebês incapazes de receber leite materno.

"A descoberta de oligossacarídeos no soro de leite permeado abre novas possibilidades de aplicação dessas moléculas alternativas, que imitam o mais próximo possível as características estruturais e funcionais dos oligossacarídeos do leite humano, em suplementos e produtos lácteos, com o intuito de diminuir os desequilíbrios microbianos no intestino de crianças e adultos", avaliou Barile.

Soro de leite de vaca

As vacas produzem oligossacarídeos estruturalmente semelhantes aos encontrados no leite materno. O problema é que a produção dessa molécula diminui após os primeiros dias de lactação do animal.

Assim, o próximo passo será desenvolver uma técnica que possa ser aplicada industrialmente para recuperar os oligossacarídeos do soro de leite, que sobra após a fabricação do queijo: 100 litros de leite resultam na produção de 10 quilos de queijo e 90 litros de soro de leite, que contêm cerca de 50% dos nutrientes do leite.

"A implementação de um processo de baixo custo para recuperação sistemática dos oligossacarídeos do soro de leite permeado permitiria às indústrias de laticínios agregar valor a esse subproduto e gerar ingredientes lácteos de alto valor no mercado", disse a pesquisadora.

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