09/11/2022

O que a ciência nos diz sobre a melhor forma de aprender?

Redação do Diário da Saúde
O que a ciência nos diz sobre a melhor forma de aprender?
Você sabia que o inconsciente ajuda no aprendizado e que o perfume de rosas ajuda a aprender melhor?
[Imagem: Nydia Ayala/Iowa State University]

Espaçamento entre lições

Se você está tentando se sair bem em uma prova ou aprender um novo passatempo, a chave para o sucesso pode ser combinar duas estratégias de aprendizado: O espaçamento entre as lições e a prática.

"Os benefícios do espaçamento e da prática de reforço foram confirmados repetidamente em estudos em laboratórios, salas de aula e locais de trabalho, mas a razão pela qual estamos apresentando esta pesquisa é porque essas duas técnicas não foram totalmente adotadas. Se elas fossem utilizadas sempre, veríamos aumentos drásticos no aprendizado," disse a professora Shana Carpenter, da Universidade do Estado de Iowa (EUA).

O espaçamento, ou temporização, é uma estratégia para aprender em pequenas doses ao longo do tempo. É o oposto de tentar aprender tudo na noite anterior a um exame.

Em um experimento, estudantes de medicina que receberam diversos treinamentos em cirurgia ao longo de três semanas tiveram um desempenho melhor e mais rápido em testes 2 semanas e 1 ano depois, em comparação com estudantes que tiveram o mesmo treinamento concentrado em apenas um dia.

A professora Carpenter ressalta que não existe uma regra universal sobre quanto tempo deixar entre as sessões de treinamento, mas a pesquisa mostra que retornar ao material depois de esquecer uma parte do conteúdo - mas não todo ele - é bastante eficaz.

Prática de recuperação

A prática de recuperação, ou reforço, é uma estratégia que envolve recordar o que foi aprendido anteriormente.

Ela pode assumir muitas formas, incluindo cartões com informações para memorização, testes práticos e instruções de escrita aberta, ajudando os alunos a reconhecer o que sabem e o que não sabem. As pessoas que verificam suas respostas em busca de erros ou recebem feedback imediato aprendem ainda melhor.

Mais de 200 experimentos científicos publicados mostram que as pessoas geralmente retêm mais informações por longos períodos de tempo com a prática de recuperação, em comparação com estratégias que não envolvem prática (por exemplo, reler um livro didático em substituição a responder questões).

Prática combinada

Mas os melhores resultados vieram quando as técnicas de espaçamento e prática de recuperação são combinadas, com os voluntários apresentando os melhores resultados em termos de se lembrar das informações estudadas.

"Esquecer é uma coisa muito natural; Você não pode parar de esquecer mesmo que tente, mas pode retardar o esquecimento usando a prática de recuperação e o espaçamento," reforça Carpenter.

Sobre os motivos pelos quais as práticas de recuperação e espaçamento não são mais amplamente usados nas escolas, a equipe acredita se dever a falsas crenças sobre o aprendizado.

"Provavelmente, o equívoco número um é que o aprendizado precisa ser fácil para funcionar, e isso simplesmente não é verdade. Você aprenderá de forma mais duradoura e eficaz se persistir e superar os desafios do que se eles parecessem fáceis o tempo todo," disse Carpenter.

Meramente fazer destaques com marca-texto ou reler um livro parece mais fácil do que escrever respostas para praticar perguntas dissertativas. Contudo, sem a verificação do conhecimento, que vem com a tentativa de recuperar informações aprendidas, há um risco maior de se cair no que os autores chamam de "ilusão de aprendizado".

"Aprender como aprender vai garantir que, em qualquer lugar que você vá após os anos de educação formal, você saberá como aprender algo e ter sucesso," aconselhou Carpenter.

Checagem com artigo científico:

Artigo: The science of effective learning with spacing and retrieval practice
Autores: Shana K. Carpenter, Steven C. Pan, Andrew C. Butler
Publicação: Nature Reviews Psychology
Vol.: 1 (9): 496
DOI: 10.1038/s44159-022-00089-1
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