30/12/2021

Cientistas questionam utilidade de medicamento milionário para esclerose

Redação do Diário da Saúde

Caro e pouco eficaz

Um medicamento extremamente caro, aprovado para esclerose múltipla e outras doenças autoimunes, oferece muito pouco ou nenhum benefício clínico.

Esta é a conclusão de uma nova revisão de evidências publicada por médicos e pesquisadores da Universidade de Ciência e Saúde do Oregon e Universidade Estadual do Oregon.

A revisão, publicada na revista JAMA Internal Medicine, descobriu que o benefício clínico do medicamento Acthar® (rACTH) é bastante baixo em comparação com alternativas menos caras.

A revisão rastreou um total de 41 estudos clínicos. Poucos compararam o rACTH com medicamentos padrão, como os corticosteroides e, daqueles que o fizeram, os resultados indicaram um benefício fraco - quando houve benefício - em comparação com placebo ou esteroides.

"Nós não encontramos nenhuma evidência conclusiva de que esta droga fosse superior aos muito mais baratos corticosteroides," disse o professor Daniel Hartung, coordenador da equipe.

US$ 100.000 contra US$ 100

Segundo a equipe, nos EUA o Acthar® tem um preço de lista de quase US$ 40.000 para o frasco de 5 mililitros, com 80 unidades por mililitro. Dependendo da dose, um curso típico de terapia com Acthar® para um adulto seria de 40 a 80 unidades por dia, com o tratamento facilmente ultrapassando os US$ 100.000, em comparação com US$ 100 ou menos com corticosteroides orais genéricos para a mesma condição.

Além disso, cursos repetidos de terapia podem chegar a centenas de milhares de dólares anualmente. Para a pessoa média no programa de saúde norte-americano (Medicare), o Acthar® custa cerca de US$ 318.000 por ano.

A esclerose múltipla e os espasmos infantis parecem ser as indicações para as quais o rACTH é mais potencialmente útil , mas mesmo assim os resultados foram mistos.

"Na ausência de evidências de comparação direta (ensaios controlados randomizados) comparando o rACTH com os corticosteroides sintéticos, o uso continuado de rACTH deve ser desencorajado pelas sociedades profissionais e não deve ser coberto por pagadores como o Medicare," concluíram os autores da revisão.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Characterization of the Clinical Evidence Supporting Repository Corticotropin Injection for FDA-Approved Indications
Autores: Kim A. Tran, Curtis Harrod, Dennis N. Bourdette, David M. Cohen, Atul A. Deodhar, Daniel M. Hartung
Publicação: JAMA Internal Medicine
DOI: 10.1001/jamainternmed.2021.7171
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