05/08/2016

Como os computadores estão moldando nossa experiência cotidiana

Marita Eleftheriadou
Como os computadores estão moldando nossa experiência cotidiana
Há vários indícios de que as mídias sociais estão isolando os usuários em bolhas de informação graças aos filtros impostos por seus algoritmos.
[Imagem: Cortesia Charité - Universitätsmedizin Berlin]

Algoritmos

O uso de algoritmos para filtrar e apresentar informações on-line está moldando cada vez mais como experimentamos o mundo real em nosso dia a dia.

Algoritmos são as etapas lógicas que um programa de computador segue para dar seus resultados.

Os algoritmos são fundamentais para a forma como as informações são localizadas, recuperadas e apresentadas na internet, por exemplo, nas recomendações do Twitter, nas listas de notícias do Facebook e nas direções sugeridas pelos mapas do Google. No entanto, eles não são orientações objetivas, eles assumem determinados parâmetros e valores, e estão em fluxo constante, com alterações feitas por seres humanos e pelos próprios computadores.

Embutidos em amálgamas complexos de interações políticas, técnicas, culturais e sociais, cada algoritmo traz uma forma particular de ver o mundo, reproduzindo estereótipos, reforçando visões de mundo, restringindo escolhas ou abrindo possibilidades anteriormente não identificadas.

Automação do humano

Assim como moldam o que vemos pela internet, os algoritmos estão cada vez mais nos dizendo o que deveríamos estar vendo, e como deveríamos estar vendo.

Por exemplo, um algoritmo que seus criadores alegam ser capaz de identificar a beleza de uma pessoa e dizer quais selfies devem ser simplesmente deletadas implica que devemos confiar em uma tecnologia, mais do que em nós mesmos, para fazer escolhas estéticas. Esses algoritmos também carregam pressupostos de que a beleza possa ser definida como universal e atemporal, e pode ser facilmente reduzida a uma combinação específica de dados.

A ideia de que tudo é redutível a dados também está começando a afetar a forma como as pessoas percebem seu ambiente e suas relações cotidianas.

Isto pode ser visto na crescente popularidade de aparelhos de vestir que monitoram nossa atividade física e nossa saúde e, em seguida, analisam, interpretam e depois retransmitem "resultados" para nós. Essas tecnologias dirigidas por algoritmos transformam itens e ações biológicas em dados - um processo que é normalizado e invisível e que não é questionado.

Tecnologização

Todas estas afirmações são conclusões da professora Michele Willson, da Universidade de Curtin (Austrália), que pesquisou exemplos concretos de algoritmos de computador e identificou as questões que seu uso levanta sobre o livre-arbítrio pessoal, as mudanças de visões de mundo que eles geram e nosso complexo relacionamento com as tecnologias.

"Ao delegar práticas cotidianas para processos tecnológicos, com a resultante necessidade de decompor ações complexas e reduzi-las a uma série de etapas e pontos de decisão, os algoritmos resumem e encapsulam uma tendência crescente para a atomização e a fragmentação que ressoa de forma mais ampla com uma ênfase crescente sobre a singularidade, a quantificação e a classificação no cotidiano," disse ela.

Os resultados de seu estudo foram publicados na revista Information, Communication & Society (DOI: 10.1080/1369118X.2016.1200645).

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