12/04/2023

Como a inteligência artificial poderá transformar os transplantes de órgãos

Redação do Diário da Saúde
Como a inteligência artificial poderá transformar os transplantes de órgãos
Os mais entusiastas acreditam que a inteligência artificial pode ajudar a aumentar a longevidade humana.
[Imagem: Gerd Altmann/Pixabay]

IA para transplantes

A inteligência artificial tem o potencial de se tornar uma ferramenta valiosa para as cirurgias de transplantes, com potencial para salvar mais vidas de pacientes.

"Antigamente, os médicos praticavam medicina sem tomografias computadorizadas e com testes laboratoriais limitados. Atualmente, essas ferramentas não são apenas comuns, mas também são fundamentais para as decisões de tratamento. Eu prevejo que a inteligência artificial também se tornará uma importante ferramenta de tomada de decisão para os médicos," defende o Dr. Mark Stegall, da Clínica Mayo (EUA).

Stegall e seu colega Rohan Goswami, especialista em transplante cardíaco, enumeram as cinco maneiras pelas quais eles acreditam que a inteligência artificial poderá aprimorar os resultados para os pacientes no caso específicos dos transplantes.

1. Evitar a necessidade de um transplante

Há pesquisas em andamento para usar a inteligência artificial para detectar a insuficiência prematura de um órgão. A ideia é determinar quais intervenções antecipadas podem retardar a necessidade de um transplante e, em alguns casos, evitá-lo completamente.

"O transplante é algo que ajuda o paciente a ter uma vida mais longa, mas ele pode estar acompanhado de possíveis complicações. Sempre nos esforçamos para descobrir maneiras para ajudar os pacientes a se restabelecerem e terem melhor qualidade e quantidade de vida," afirma o Dr. Goswami.

2. Melhorar a compatibilidade entre doadores e receptores de órgãos

É complicado estabelecer a compatibilidade entre doadores e receptores de órgãos. Há uma expectativa de que a inteligência artificial possa aperfeiçoar esse processo.

A inteligência artificial também pode ajudar a determinar se um órgão doado poderia resultar em um transplante bem-sucedido. Um estudo recente demonstrou como um sistema de pontuação baseado em inteligência artificial poderia ser usado para analisar as biópsias de um rim transplantado para determinar os níveis de inflamação, uma informação importante que ajuda a indicar a saúde do órgão transplantado.

3. Aumentar o número de órgãos úteis

Os avanços na tecnologia de transplante estão ajudando a expandir o número de órgãos de doadores falecidos disponíveis para transplantes que salvam vidas. Os sistemas de perfusão de órgãos, que são dispositivos mecânicos que preservam a sua viabilidade, possibilitam mais tempo para que os órgãos doados sobrevivam fora do corpo antes de serem transplantados.

O próprio Dr. Goswami liderou um estudo sobre como aperfeiçoar o uso dessas tecnologias para aumentar as taxas de utilização desses órgãos. A expectativa é que a inteligência artificial ajude os especialistas em transplante a entenderem melhor quais órgãos seriam beneficiados com essas tecnologias antes do transplante e quais não seriam adequados para doação.

4. Evitar a rejeição de órgãos

O risco de rejeição de órgãos é um dos maiores desafios na medicina de transplante.

Os pesquisadores estão recorrendo à inteligência artificial para ajudar a identificar os pacientes com maior risco de rejeição do órgão recebido. Um estudo recente mostrou que um eletrocardiograma pode ser usado para prever o risco de rejeição de baixo grau em pacientes de transplante cardíaco, eventualmente sem a necessidade de uma biópsia. Há uma expectativa de que esses avanços também ajudem a evitar a morte de pacientes transplantados.

5. Aperfeiçoar os cuidados após o transplante

Para ajudar a evitar a rejeição, os pacientes transplantados recebem medicamentos para imunossupressão. Como esses medicamentos podem causar possíveis efeitos colaterais nocivos, é fundamental determinar a dose mínima necessária para que os pacientes se mantenham saudáveis.

A inteligência artificial poderá ser usada no futuro para ajudar a determinar como o corpo do paciente reage com a imunossupressão e a fornecer diretrizes quanto ao ajuste de medicamentos. Há uma expectativa de que a inteligência artificial possa eventualmente tornar os cuidados pós-transplante mais fáceis para os pacientes, eliminando a necessidade de biópsias de rotina e coletas de sangue.

Papel complementar

Os especialistas ressaltam que o sucesso da inteligência artificial depende da qualidade dos dados nos quais ela se baseia. O objetivo não é substituir a experiência de um médico pela inteligência artificial, mas criar outra ferramenta para garantir que os pacientes recebam o melhor atendimento possível.

"Não utilizamos cegamente as informações [que temos hoje] e não utilizaremos cegamente as ferramentas da inteligência artificial. Uma das grandes expectativas das ferramentas decisórias de inteligência artificial é que elas podem ajudar a integrar muitas outras ferramentas, como tomografias e dispositivos de laboratório, em um modelo que ofereça uma imagem mais completa do paciente," afirmou o Dr. Stegall.

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