13/04/2022

Composto psicodélico de cogumelo mostra-se eficaz contra depressão

Redação do Diário da Saúde
Composto psicodélico de cogumelo mostra-se eficaz contra depressão
A mesma substância alucinógena já foi usada em estudos de experiências espirituais e nas tentativas de medir estados mais elevados de consciência.
[Imagem: Arp/Wikimedia]

Psilocibina

O composto ativo do cogumelo mágico, usado há milênios como droga alucinógena em rituais espirituais, aumenta a conectividade cerebral em pessoas com depressão.

É o que acabam de demonstrar o Dr. Richard Daws e seus colegas do Imperial College (Reino Unido) e da Universidade da Califórnia de São Francisco (EUA).

Os pesquisadores estudaram o efeito da psilocibina, o composto psicodélico encontrado nos cogumelos mágicos, constatando que a droga ajuda a "abrir" o cérebro das pessoas deprimidas, permitindo que as regiões do cérebro conversem mais livremente umas com as outras.

Os padrões de atividade cerebral na depressão podem se tornar rígidos e restritos, e a psilocibina pode ajudar o cérebro a sair dessa rotina de uma maneira que as terapias tradicionais com antidepressivos não conseguem.

O estudo consistiu na análise dos exames cerebrais de cerca de 60 pessoas recebendo tratamento para depressão. Além de abrir a possibilidade de uma nova terapia, a equipe afirma ser a primeira a descrever como a psilocibina exerce seus efeitos no cérebro.

Os resultados, na verdade compostos de dois experimentos combinados, revelam que as pessoas que responderam à terapia assistida por psilocibina mostraram aumento da conectividade cerebral não apenas durante o tratamento, mas até três semanas depois.

Abertura do cérebro

O efeito de "abertura" no cérebro foi associado a melhorias autorrelatadas nos sintomas da depressão, de forma persistente mesmo após a suspensão da droga.

Para comparação, os pesquisadores também trataram um grupo de pacientes com um antidepressivo convencional (chamado escitalopram). Neste grupo de controle, não foram observadas mudanças semelhantes na conectividade cerebral, sugerindo que o psicodélico funciona de maneira diferente no tratamento da depressão.

"O efeito observado com a psilocibina é consistente ao longo dos dois estudos, relacionados à melhora das pessoas, e não foi observado com um antidepressivo convencional. Em estudos anteriores, nós tínhamos visto um efeito similar no cérebro quando as pessoas eram escaneadas quando sob efeito do psicodélico, mas aqui nós estamos vendo isso semanas após o tratamento para a depressão, o que sugere uma 'transmissão' da ação aguda da droga," disse o professor Robin Harris, coordenador do estudo.

Os pesquisadores alertam que, embora seus resultados sejam encorajadores, os ensaios que avaliaram a psilocibina para depressão ocorreram sob condições clínicas controladas, usando uma dose regulamentada formulada em laboratório - uma versão sintética, e não o composto extraído do cogumelo. Além disso, todos os voluntários estavam sob amplo apoio psicológico antes, durante e após a dosagem, fornecido por profissionais de saúde mental.

Assim, pacientes com depressão não devem tentar se automedicar com psilocibina, uma vez que tomar cogumelos mágicos ou psilocibina na ausência dessas precauções pode não ter um resultado positivo.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Increased global integration in the brain after psilocybin therapy for depression
Autores: Richard E. Daws, Christopher Timmermann, Bruna Giribaldi, James D. Sexton, Matthew B. Wall, David Erritzoe, Leor Roseman, David Nutt, Robin Carhart-Harris
Publicação: Nature Medicine
DOI: 10.1038/s41591-022-01744-z
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