Resistência aos antibióticos
Pesquisadores da USP de São Carlos identificaram uma série de compostos bioativos em uma esponja marinha coletada no arquipélago de Fernando de Noronha, em Pernambuco.
Algumas dessas substâncias se mostraram capazes de matar bactérias resistentes aos antibióticos atualmente disponíveis, o que abre caminho para o desenvolvimento de novos fármacos.
"Essa esponja marinha já havia sido estudada anteriormente por grupos do exterior, principalmente nos anos 1990. Utilizamos, então, técnicas modernas para avaliar as substâncias do seu metabolismo secundário, buscar novas moléculas e testar sua atividade biológica. Conseguimos descrever uma série de novos compostos. O maior potencial encontrado foi contra bactérias resistentes aos antibióticos atuais," contou o pesquisador Vítor Freire.
A resistência a antibióticos é considerada um dos maiores problemas de saúde pública global pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo relatório encomendado pelo governo britânico, as mortes causadas por infecções de bactérias resistentes devem atingir 10 milhões de pessoas por ano em 2050.
Daí a importância de se descobrir novos antibióticos eficazes.
Antibióticos de esponja-do-mar
A esponja marinha, da espécie Agelas dispar, ocorre no Caribe e em parte do litoral brasileiro. Por serem alguns dos organismos há mais tempo na Terra e viverem fixas no substrato marinho, ao longo de milhões de anos as esponjas-do-mar desenvolveram um complexo metabolismo, produzindo substâncias essenciais para a competição com outros invertebrados e para evitar infecções por bactérias patogênicas.
As substâncias com maior potencial terapêutico agora identificadas são três diferentes tipos de ageliferinas, nome advindo do gênero da esponja-do-mar Agelas.
"Outro fator importante é a capacidade das esponjas de armazenar substâncias de microrganismos simbiontes, que também as ajudam a se defender. Por isso, quando analisamos os compostos encontrados nesses animais, nem sempre dá para saber o que foi produzido por eles e o que é produto de sua microbiota," explicou o professor Roberto Berlinck.
O objetivo do grupo, agora, é analisar outras esponjas marinhas com a mesma metodologia utilizada para descobrir os novos compostos.
"Investigar como essas substâncias são produzidas é extremamente importante, uma vez que elas são distribuídas por algumas classes de esponjas e podem futuramente ajudar a tratar doenças," disse Vítor.
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