05/02/2014

Toxicologistas discutem efeito cancerígeno de corante usado em refrigerantes

Com informações da Society of Toxicology

Na semana passada, a entidade Consumer Reports divulgou um estudo sobre o uso de diversos níveis de um corante caramelo, conhecido como 4-metilimidazol (4-MEI), presente em muitas bebidas populares.

O relatório usou frases como "risco para a saúde" e "potencial cancerígeno", deixando muitos se perguntando se seus refrigerantes favoritos devem ser abandonados devido a um risco de câncer.

Esta é uma pergunta que os toxicologistas podem ajudar a responder.

"Nosso trabalho como toxicologistas é ajudar a realizar e interpretar os resultados de uma variedade de estudos que avaliam o perigo potencial de produtos naturais, químicos ambientais e drogas, para dar às pessoas as informações necessárias para que elas tomem decisões pessoais bem informadas," disse Lois Lehman-McKeeman, presidente da Sociedade de Toxicologia dos Estados Unidos.

Tem havido muitos estudos toxicológicos do 4-MEI - também chamado de corante caramelo IV - ao longo dos anos, mas com relação ao estudo realizado pelo Programa Nacional de Toxicologia, citado no artigo do Consumer Reports, há alguns detalhes acerca de como o estudo foi conduzido que são importantes para a compreensão dos resultados:

  • O 4-MEI foi administrado a camundongos e a ratos ao longo de suas vidas de dois anos através do seu alimento, de forma que a exposição ao produto químico foi oral, a mesma que acontece em seres humanos pela ingestão de bebidas carbonatadas.
  • Foram testados diferentes níveis, ou doses, de 4-MEI. Um princípio básico da toxicologia é que a dose faz o veneno. O nível em que ocorre a exposição é fundamental para compreender se um produto químico representa um risco para a saúde. Da mesma forma, quanto maior a dose, maior a probabilidade do efeito adverso.

Efeitos diferentes

Os ratos que foram expostos apenas às doses mais altas de 4-MEI (não às doses mínimas ou moderadas) apresentaram uma incidência maior de leucemia do que o grupo controle. Os camundongos, porém, não apresentaram esse resultado.

Por outro lado, nos camundongos expostos às doses mais altas de 4-MEI, foi observado um aumento nas taxas de tumores do pulmão. Mais uma vez, os ratos não apresentaram esse resultado.

A conclusão é que o corante caramelo 4-MEI em doses elevadas é potencialmente cancerígeno tanto para camundongos quanto para ratos, mas de maneiras diferentes.

Este estudo é um lembrete claro de que todas as espécies animais, incluindo os humanos, respondem de forma diferente a substâncias químicas específicas, especialmente em doses que são altas o suficiente para alterar os processos fisiológicos normais.

"Os dados que mostram efeitos em modelos animais são úteis porque estes resultados podem indicar que serão necessários mais estudos para confirmar que o agente pode afetar o ser humano, mas o cuidado é sempre incentivado quando se tenta extrapolar os resultados entre espécies," disse a Dra. Lehman-McKeeman.

O problema é que a quase totalidade dos testes de biossegurança e toxicidade são feitos usando animais.

Siga o Diário da Saúde no Google News

Ver mais notícias sobre os temas:

Consumo Responsável

Alimentação e Nutrição

Câncer

Ver todos os temas >>   

A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.