20/08/2019

Crianças expostas ao zika mostram resultados paradoxais

Redação do Diário da Saúde

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Em meio à crise sem precedentes que o vírus zika causou no Brasil, houve alguns lampejos de esperança: alguns bebês pareciam ser normais ao nascer, livres dos defeitos congênitos devastadores que afetavam outras crianças expostas ao vírus no útero.

Infelizmente, de acordo com um estudo publicado na revista Nature Medicine por uma equipe da Fiocruz e da Universidade da Califórnia de Los Angeles (EUA), a realidade dos bebês expostos ao zika é muito mais complicada.

A boa notícia é que 49% dos bebês expostos ao zika que tiveram anormalidades no nascimento apresentaram resultados normais no segundo ou no terceiro ano de vida.

Por outro lado, 25% que tiveram avaliações normais no nascimento apresentaram testes de desenvolvimento abaixo da média ou anormalidades na audição ou na visão aos 32 meses de idade.

Monitoramento contínuo

A equipe monitorou 216 bebês no Rio de Janeiro que haviam sido expostos ao vírus zika durante a gravidez, realizando testes de desenvolvimento neurológico quando os bebês tinham entre 7 e 32 meses de idade. As mães desses bebês tiveram, elas próprias, sintomas relacionados ao zika, incluindo erupções cutâneas.

Os dados mostram riscos progressivamente maiores de anormalidade do desenvolvimento, audição e visão, dependendo de quão cedo a gravidez estava no momento em que os bebês foram expostos. Como o vírus zika tem uma afinidade por neurônios imaturos, até mesmo bebês que não nasceram com microcefalia permaneceram em risco constante de sofrer anormalidades.

No total, 24 das 49 (49%) crianças que tiveram anormalidades no nascimento passaram a ter resultados normais no segundo ou terceiro ano de vida. Por outro lado, 17 de 68 crianças (25%) que tiveram avaliações normais no nascimento tiveram testes de desenvolvimento abaixo da média ou tiveram anormalidades na audição ou visão aos 32 meses de idade.

"Este estudo contribui para o crescente corpo de pesquisas que argumentam em favor do acompanhamento contínuo das crianças expostas ao zika, mesmo que seus exames neurológicos sejam tranquilizadores no nascimento. À medida que as crianças expostas ao zika se aproximam da idade escolar, é fundamental caracterizar melhor as potenciais implicações para o sistema de educação e saúde pública," disse a Dra Sarah Mulkey, da Universidade George Washington, comentando os resultados do estudo.

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