26/12/2014

Delinquência juvenil não depende dos genes, mas do ambiente familiar

Redação do Diário da Saúde
Delinquência juvenil não depende dos genes, mas do ambiente familiar
Outros estudos já detectaram uma semelhança genética entre amigos.
[Imagem: Cortesia Concordia University]

Comportamento gera comportamento

Experiências tanto positivas quanto negativas têm um peso maior do que qualquergene na determinação do comportamento envolvendo a delinquência juvenil, afirmam pesquisadores canadenses.

"As evidências estão se acumulando para mostrar que os efeitos de variações em muitos genes que são comuns na população dependem de fatores ambientais. Além disso, essas variações genéticas afetam umas às outras," explica a Dra. Sheilagh Hodgins da Universidade de Montreal.

Em contraste com as teorias anteriores de mutações aleatórias e genes determinísticos, os estudos mais recentes já mostraram que os genes são alterados pelo comportamento, que as experiências emocionais são herdadas geneticamente e que as experiências de vida deixam marcas no DNA dos filhos, apenas para citar alguns exemplos.

A equipe da Dra. Sheilagh queria saber se ambientes violentos interagem com o perfil genético dos jovens e adolescentes.

"Nós realizamos um estudo para determinar se infrações juvenis estavam associadas a interações entre três variantes genéticas comuns e experiências positivas e negativas," explica ela.

Genética e delinquência juvenil

O estudo envolveu 1.337 participantes, que completaram anonimamente questionários sobre atos de delinquência, conflitos familiares, experiências de abuso sexual, bem como a qualidade do relacionamento com os pais. Os jovens também forneceram uma amostra de saliva a partir da qual os pesquisadores analisaram os genes em seu DNA.

Foram estudados três genes que têm sido largamente citados na literatura como associados a comportamentos agressivos: o gene da monoamina oxidase A (MAOA), o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) e o transportador de serotonina 5-HTTLPR.

Em lugar de uma mera associação genética com a violência, os pesquisadores descobriram que o fator essencial para a realização de atos violentos ou lesivos a outros foi a exposição a situações de violência na infância.

A maioria dos jovens expostos a fortes adversidades na infância mostraram-se mais propensos a exibir comportamento antissocial e agressivo.

"Nós descobrimos que as três variantes genéticas interagem umas com as outras e com os conflitos familiares e abusos sexuais para aumentar a probabilidade de delinquência, e com uma relação pai-filho positiva para diminuir o risco de delinquência," explicou a Dra. Sheilagh.

"Entre os portadores das variantes de baixa atividade de todos os três genes, aqueles expostos a conflitos familiares ou de abuso sexual, ou de ambos, relataram maiores níveis de delinquência, enquanto aqueles que relataram uma relação positiva e acolhedora com seus pais relataram pouca ou nenhuma delinquência," acrescentou.

Assim, as mesmas variantes genéticas foram associadas com níveis altos e baixos de delinquência, sendo o fator determinante do comportamento a exposição a ambientes familiares negativos ou positivos.

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