24/10/2022

Descoberto um novo grupo sanguíneo muito raro

Redação do Diário da Saúde
Descoberto um novo grupo sanguíneo muito raro
Infelizmente, nem tudo foi comemoração na descoberta deste novo grupo sanguíneo, o Er.
[Imagem: 200 Degrees/Pixabay]

Novo grupo sanguíneo

Cientistas descobriram um novo grupo sanguíneo muito raro, resolvendo um mistério de 30 anos.

Embora a maioria das pessoas esteja familiarizada com o conceito de grupos sanguíneos como A, B, O e com o Rh (positivo ou negativo), existem muitos outros grupos sanguíneos importantes - um tipo sanguíneo de uma pessoa é determinado pela presença ou ausência de proteínas na superfície dos glóbulos vermelhos.

Quando existe incompatibilidade entre o sangue de um casal, por exemplo, surge a possibilidade de aloimunização, o processo pelo qual uma pessoa gera um anticorpo contra um antígeno de um grupo sanguíneo que ela não carrega. A presença de aloanticorpos pode ter consequências clínicas na gravidez ou na transfusão de sangue, desencadeando um ataque do sistema imunológico.

A pesquisadora Vanja Crew, da Universidade de Bristol (Inglaterra) liderou uma colaboração internacional que queria elucidar um mistério de 30 anos em torno da base de três antígenos conhecidos, mas geneticamente não caracterizados, que não se encaixavam em nenhum sistema de grupo sanguíneo conhecido.

Grupo sanguíneo Er

A equipe estudou indivíduos com aloanticorpos contra uma coleção de antígenos denominados Er, que foram observados pela primeira vez há mais de 30 anos, usando uma técnica que permite a análise simultânea de todas as suas sequências de DNA codificadoras de genes.

Foram identificadas alterações específicas no gene que codifica a proteína Piezo1, o que pode resultar na produção de uma proteína alterada na superfície dos glóbulos vermelhos desses indivíduos. Usando a edição de genes em uma linhagem celular imortalizada, a proteína Piezo1 foi primeiro removida e depois reintroduzida, para provar definitivamente que aloanticorpos para antígenos Er (incluindo dois nunca antes detectados) se ligam à Piezo1, e que a Piezo1 é necessária para a expressão do antígeno Er.

Usando uma combinação de técnicas de ponta para o sequenciamento de DNA e a edição de genes, a equipe conseguiu mostrar conclusivamente que a Piezo1, uma proteína de amplo interesse biológico, é a carreadora, estabelecendo definitivamente um novo grupo sanguíneo - o grupo sanguíneo Er.

Riscos da incompatibilidade sanguínea

Infelizmente, nem tudo foi comemoração nesta descoberta. Aloanticorpos encontrados em duas mulheres grávidas que participaram do estudo, para dois antígenos Er recém-descobertos e relatados pela primeira vez por esta pesquisa, foram associados à perda trágica de seus bebês.

Descobrir a base genética dos grupos sanguíneos permite aos cientistas desenvolver novos testes para identificar aqueles com grupos sanguíneos incomuns, com o objetivo de fornecer o melhor atendimento possível para pacientes com os tipos sanguíneos mais raros.

Segundo a equipe, a proteína Piezo1 é conhecida por ter papéis importantes na saúde e na doença e, embora ainda haja muito para entendermos, o avanço apresentado agora aprimora nosso conhecimento e representa outro novo marco nas ciências do sangue.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Missense mutations in PIEZO1, encoding the Piezo1 mechanosensor protein, define the Er red blood cell antigens
Autores: Vanja Karamatic Crew, Louise A Tilley, Timothy J Satchwell, Samah A AlSubhi, Benjamin Jones, Frances A Spring, Piers J Walser, Catarina Martins Freire, Nicoletta Murciano, Maria Giustina Rotordam, Svenja J Woestmann, Marwa Hamed, Reem Alradwan, Mouza AlKhrousey, Ian Skidmore, Sarah Lewis, Shimon Hussain, Jane Jackson, Tom Latham, Mark D Kilby, William Arthur Lester, Nadine Becker, Markus Rapedius, Ashley Mark Toye, Nicole M Thornton
Publicação: Blood
DOI: 10.1182/blood.2022016504
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