Novos medicamentos só para brancos
Para testar e validar um novo medicamento, é necessário fazer um ensaio clínico que tenha o objetivo de revelar mais claramente seus efeitos. Teste-o em um grupo de pessoas muito variável ou muito doente, e será muito mais difícil ver todos os efeitos.
Isso é apenas estatística.
Mas os esforços para obter os resultados mais claros possíveis levaram os cientistas e empresas farmacêuticas a desviarem os testes clínicos para um grupo muito particular: o de pessoas brancas. Até 86% dos participantes em testes de novos medicamentos são pessoas brancas.
Isso é um problema enorme: a etnia de uma pessoa pode influenciar a eficácia ou a periculosidade de um fármaco, assim como a idade, o sexo e mesmo o peso. Testar um medicamento em um grupo que não representa a população em geral significa que as diretrizes sobre como usá-lo serão, em grande parte, aplicáveis apenas a um subconjunto de pessoas.
No passado, muitas explicações foram dadas para os baixos números de, por exemplo, afro-descendentes, nos ensaios clínicos. Essas explicações incluíram menor conscientização dos ensaios, baixo número de pesquisadores biomédicos negros e uma "historicamente justificada" falta de confiança na classe médica.
Mas é hora de encarar o fato de que os requisitos usados para conquistar voluntários também estão contra eles. Assim como as mulheres foram excluídas da pesquisa devido à flutuação dos hormônios, os voluntários das minorias podem ser rejeitados nos testes devido às estatísticas que avaliam sua saúde.
Isto é particularmente preocupante dado que os grupos minoritários geralmente experimentam piores condições de saúde do que a média da população.
Por exemplo, o excesso de confiança em marcadores para a saúde renal ou imunológica pode explicar por que tão poucos homens negros são incluídos nos testes de câncer de próstata, apesar de a doença ser mais comum nesse grupo.
Então, como podemos representar melhor as populações reais e ainda detectar benefícios das novas drogas? Ensaios clínicos maiores ou ensaios extras em subgrupos podem ajudar, embora ambos custem mais dinheiro.
Não parece haver respostas fáceis. O que quer que venhamos a fazer, contudo, o que é certo é que é preciso agir.
Ver mais notícias sobre os temas: | |||
Desenvolvimento de Medicamentos | Ética | Cuidados com a Pele | |
Ver todos os temas >> |
A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.