07/03/2019

É possível evitar que os subornos funcionem?

Redação do Diário da Saúde
É possível evitar que os subornos funcionem?
A melhor decisão só foi tomada quando os juízes embolsaram propinas de todos os lados.
[Imagem: CMU]

Suborno e melhores decisões

A equipe da professora Silvia Saccardo, da Universidade Carnegie Mellon (EUA), decidiu estudar como o suborno pode trazer prejuízos para o bem comum: Até que ponto o suborno muda as decisões de entes, como juízes ou funcionários públicos, encarregados de tomar decisões que afetem a sociedade da forma esperada ou, pelo menos, da melhor forma possível.

Os experimentos indicaram que, quando os incentivos dependem das escolhas, as pessoas aceitam e retribuem os subornos com os favores esperados pelo corruptor. Por outro lado, quando os subornos não estão sujeitos à entrega de um determinado resultado, os juízes não distorcem tanto o seu julgamento, apesar de que, nestes casos, o suborno é maior.

No experimento, pares de participantes escreveram piadas originais e as submeteram a um juiz, que foi encarregado de decidir qual era a mais engraçada. Os contadores de piadas podiam enviar subornos até US$ 5 para o juiz, sem riscos de serem identificados.

Quando os juízes eram autorizados a embolsar apenas um suborno, quase 90% deles escolheram a piada que veio com mais dinheiro. A melhor piada (conforme determinada por avaliadores independentes) foi selecionada em apenas 60% do tempo.

"A qualidade era basicamente ignorada quando a pessoa conseguia embolsar o suborno do vencedor. Quase todas as pessoas ficavam com o dinheiro," disse Silvia.

Os resultados foram diferentes quando os juízes podiam manter os subornos dos dois contadores de piada que deviam avaliar. Eles selecionaram a melhor piada em 84% do tempo. Na verdade, eles escolheram a pessoa que escreveu a piada mais engraçada mesmo quando elas ofereciam o suborno mais baixo.

"Quando a recompensa dos árbitros não dependia da escolha do vencedor, o suborno não distorceu o julgamento," disse Silvia. "E, como eles ficaram do lado da qualidade, em vez do maior pagamento, isso é uma indicação de que, em nossos dados, a reciprocidade não é um fator determinante quando se trata de subornos."

A conclusão não parece muito entusiasmante para quem busca o bem público: Se a ganância do corrupto não for atendida, ele provavelmente não tomará a melhor decisão - a menos que lhe seja permitido receber propina de todos os envolvidos.

Corrupção no mundo

O Banco Mundial estima que cerca de US$ 1 bilhão trocam de mãos em subornos a cada ano. Ao aprender mais sobre as maneiras pelas quais nosso comportamento e julgamento moral podem ser afetados pelo suborno, os pesquisadores esperam identificar maneiras de minimizar seu efeito.

"Nossos resultados sugerem que as intervenções políticas que se concentram em aumentar os custos morais de distorção e limitar o escopo para vieses de autosserviço podem fornecer uma maneira bem-sucedida de reduzir a eficácia dos subornos," disse Silvia. "Um exemplo é exigir que os avaliadores sigam os critérios de avaliação objetivos".

O estudo foi publicado no Journal of the European Economic Association.

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