08/08/2012

Esteroide perigoso é usado para normalizar sexo de bebês

Redação do Diário da Saúde

Normalização sexual

Médicos estão receitando um perigoso esteroide sintético para mulheres grávidas com o objetivo de "normalizar" fetos potencialmente com problemas no desenvolvimento dos órgãos sexuais.

A denúncia foi feita pelas doutoras Alice Dreger e Ellen Feder, da Universidade de Northwestern (EUA), em um artigo publicado na revista científica Journal of Bioethical Inquiry.

As mulheres grávidas que estão sendo orientadas a tomar o esteroide são aquelas com risco genético de terem bebês com uma condição chamada "hiperplasia adrenal congênita".

Apenas 12% das mulheres "sob risco genético" de fato têm bebês com a condição.

Hiperplasia adrenal congênita

A hiperplasia adrenal congênita pode resultar em fetos femininos com intersexualidade, ou seja genitais tipicamente masculinos.

Segundo a denúncia, as mulheres identificadas geneticamente como apresentando risco de terem bebês nessa condição estão recebendo a prescrição - não autorizada pelas autoridades de saúde - de dexametasona, um esteroide sintético, com o objetivo de "normalizar" o desenvolvimento desses fetos.

A dexametasona está sendo indicada a partir da quinta semana do primeiro trimestre de gravidez.

Isso significa que a droga está sendo administrada antes que os médicos saibam se o feto é feminino e se ele está realmente afetado pela hiperplasia adrenal congênita.

Como, nesses casos de predisposição genética, a condição de fato ocorre apenas em 1 de cada 8 casos, isso significa que os demais bebês estão sendo alvos da droga sem terem a condição.

Além disso, dizem as pesquisadoras, a dexametasona não evita a hiperplasia adrenal congênita - ela aparentemente inibe o desenvolvimento dos órgãos sexuais masculinos.

Esteroide sintético

A dexametasona é um esteroide sintético, assim como o dietilestilbestrol, que é conhecido por causar problemas sérios de fertilidade e cânceres fatais entre as crianças expostas a ele no útero.

A dexametasona foi projetada para cruzar a barreira placentária e alterar o desenvolvimento fetal. Os especialistas estimam que a dose de glucocorticoide que alcança o feto é de 60 a 100 vezes o que o corpo receberia normalmente.

Segundo as pesquisadoras que fizeram a denúncia, as mães têm sido informadas de a ingestão da droga "é segura para as mães e para os bebês", apesar de não haver evidências científicas dessa segurança.

Um outro artigo, publicado por pesquisadores suecos na revista médica Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism documenta quase 20% de "sérios efeitos adversos" entre as crianças expostas à dexametasona ainda no útero.

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