Exame para detecção do zika
Um teste capaz de detectar em amostras de soro sanguíneo anticorpos contra o vírus zika com alta especificidade - e, portanto, baixo risco de reação cruzada com microrganismos aparentados, como o causador da dengue - deve chegar ao mercado brasileiro ainda em 2018.
O método foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e do Instituto Butantan. O teste será comercializado pela empresa Inovatech.
"Está em fase final de desenvolvimento o teste sorológico para detecção de anticorpos do tipo IgG [imunoglobulina G] - aqueles que permanecem no organismo durante muitos anos após a infecção, conferindo imunidade vitalícia. Nossa expectativa é que seja liberado para venda no segundo semestre deste ano," disse a pesquisadora Danielle Bruna de Oliveira, da USP.
Esse tipo de método diagnóstico tem sido apontado como uma das prioridades na área.
Tal ferramenta é essencial para responder a várias questões estratégicas a qualquer plano de ação contra a doença: qual é exatamente o tamanho da epidemia (discriminando casos de dengue e zika com mais precisão, tanto dos surtos atuais como passados)? Qual é a porcentagem de gestantes no grupo de infectados (já imunes)? E, entre as mulheres, quantas correm risco de dar à luz a bebês com problemas neurológicos decorrentes da infecção congênita?
"A ideia é colocar esse teste no rol dos exames de pré-natal. Desse modo, as gestantes cujo resultado for negativo [nunca foram infectadas] passam a tomar mais precauções, como evitar viajar para áreas de risco e usar repelente. Já as que estão imunes podem ficar tranquilas", disse Danielle.
Especificidade
Segundo a pesquisadora, os exames para diagnóstico atualmente disponíveis ou só funcionam na fase aguda da infecção - caso dos métodos moleculares (PCR em tempo real) e cromatográficos que detectam partículas virais circulantes no organismo - ou detectam anticorpos contra o zika com baixa especificidade.
"Os testes sorológicos hoje no mercado têm especificidade entre 69% e 75%, ou seja, há pelo menos 25% de chance de o resultado ser falso positivo caso o paciente já tenha sido infectado pelo vírus da dengue no passado. Já o nosso teste tem especificidade de 93% para o Zika", disse Danielle.
O preço de custo do ensaio para detecção do IgG deverá ficar em torno de R$ 10 a R$ 12 por paciente. A Inovatech já conseguiu obter o certificado de Boas Práticas de Fabricação (BPF), fornecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os primeiros lotes para uso experimental já estão sendo produzidos.
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