16/05/2017

Idosos não conseguem atravessar a rua no tempo dos semáforos

Com informações da Agência Fapesp
Idosos não conseguem atravessar a rua no tempo dos semáforos
Mudanças simples garantiriam mobilidade e maior autonomia para a crescente população de idosos.
[Imagem: Wikimedia Commons]

Rápido demais

Poucos metros separam uma calçada da outra. Mas, quando o sinal verde autoriza a travessia de pedestres, cruzar a rua pode se tornar uma façanha, principalmente para as pessoas com mais de 60 anos: o luminoso com o bonequinho vermelho começa a piscar antes que eles cheguem com segurança ao outro lado da calçada.

A discussão sobre o tempo de abertura para os semáforos nas grandes cidades é antiga entre especialistas em trânsito e em saúde humana - mas a preocupação com os carros tem vencido os debates sistematicamente.

Pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da USP foram às ruas para mensurar o problema e constataram que 97,8% dos idosos da cidade de São Paulo não conseguem caminhar a 4,3 km/h, velocidade exigida pelo padrão apresentado pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-SP) para os semáforos da cidade.

Na média, a velocidade alcançada pelos voluntários com mais de 60 anos que participaram do estudo foi bem menor que o exigido: apenas 2,7 km/h.

Velocidade de marcha

Esse estudo multicêntrico teve início em 2000, quando, por iniciativa da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), foram pesquisadas pessoas de 60 anos ou mais de sete grandes cidades da América Latina e do Caribe, entre elas São Paulo. O estudo vem sendo reeditado desde então, com versões em 2006, 2010 e agora, com dados de 2016.

"A velocidade de marcha exigida para atravessar as ruas da cidade não condiz com a população idosa e não podemos desconsiderar o aumento da população idosa no município de São Paulo e no Brasil inteiro," disse Etienne Duim, que fez o estudo juntamente com seus colegas José Leopoldo Antunes e Maria Lúcia Lebrão - o percentual de idosos na cidade de São Paulo já está próximo dos 13%.

"O que constatamos com o estudo é que a cidade não é regulada para o idoso, mas para um indivíduo adulto que, na maioria dos casos, anda entre 4 e 6 km/h sem maiores problemas. Isso tem o efeito de fazer com que o idoso fique cada vez mais confinado em casa", disse José Leopoldo.

Mudanças

Estudos semelhantes realizados em outros países têm tido efeitos práticos. Várias cidades têm reduzido a velocidade média de percurso para pedestres, como Valência e Barcelona, na Espanha, com os seus atuais 3,2 km/h. Na Inglaterra, a legislação foi alterada em caráter nacional, com aumento do tempo dos semáforos.

"Aumentar 5 segundos o tempo para cada semáforo pode trazer um impacto no trânsito? Pode. Mas, pelo que vimos nos estudos realizados em outros países, essa mudança é diluída também com a adoção de outras medidas, como alteração de velocidade do trânsito e incentivo ao uso de transporte público, por exemplo," disse Etienne.

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