19/11/2014

Início do câncer de pâncreas é interrompido em laboratório

Com informações da Clínica Mayo
Início do câncer de pâncreas é interrompido em laboratório
A boa notícia é que o processo pode ser interrompido, o que a equipe realizou em experimentos com camundongos.
[Imagem: Peter Storz Group]

Pesquisadores identificaram as primeiras fases no desenvolvimento do câncer de pâncreas.

A descoberta sugere estratégias preventivas a serem exploradas.

Em um artigo publicado na revista científica Cancer Discovery, a equipe descreveu os passos moleculares necessários para que as células acinares do pâncreas - as células que secretam enzimas digestivas - se tornem lesões pré-cancerosas. Algumas dessas lesões podem, então, se transformar em câncer.

"O câncer de pâncreas se desenvolve dessas lesões, de forma que, se entendermos como essas lesões acontecem, seremos capazes de interromper o desenvolvimento do câncer totalmente", diz o principal pesquisador do estudo, Peter Storz, da Clínica Mayo de Jacksonville (EUA).

O câncer de pâncreas é um dos tipos de câncer humano mais agressivos - os sintomas não aparecem até que o câncer já esteja bem avançado. A taxa de sobrevivência, após o diagnóstico, é de apenas 20%. A necessidade por novas estratégias de tratamento e prevenção é premente, diz Peter Storz.

Processo cancerígeno

Os cientistas estudaram as células do pâncreas com mutações no gene Kras. O Kras produz uma proteína que regula a divisão celular e esse gene sofre mutações, frequentemente, em muitos casos de câncer. Mais de 95% dos pacientes de câncer de pâncreas tiveram mutações no gene Kras.

Os pesquisadores detalharam as fases que levam as células acinares com mutações do Kras a se transformar em células do tipo ducto com propriedades do tipo célula-tronco. Células-tronco, que podem se dividir à vontade, são frequentemente envolvidas no câncer.

As proteínas do Kras nas células acinares induzem a expressão de uma molécula, a ICAM-1, que atrai macrófagos, um tipo específico de células imunológicas. Esses macrófagos inflamatórios secretam uma variedade de proteínas, incluindo algumas que desarticulam a estrutura das células, permitindo às células acinares se transformar em tipos diferentes de células. Essas fases produziram as lesões pancreáticas pré-cancerosas.

"Mostramos um vínculo direto entre as mutações do Kras e o ambiente inflamatório que induz o início do câncer de pâncreas", disse Peter Storz.

Reversão do processo

A boa notícia é que o processo pode ser interrompido, o que a equipe realizou em experimentos com camundongos. "Poderíamos fazer isso de duas formas: exaurindo os macrófagos ou tratando as células transformadas com um anticorpo bloqueador que paralisa a ICAM-1", diz o pesquisador.

Peter Storz observou que um anticorpo neutralizador, que bloqueia a ICAM-1, já foi desenvolvido. Ele está em testes para uma ampla variedade de distúrbios, incluindo acidente vascular cerebral (AVC) e artrite reumatoide.

"Entender a linha cruzada entre as células acinares com mutações do Kras e o microambiente dessas células é essencial para desenvolver estratégias de terapia dirigida para prevenir e tratar esse tipo de câncer", ele diz.

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