Decodificador semântico
Um novo sistema de inteligência artificial, chamado decodificador semântico, consegue traduzir em um fluxo contínuo de texto a atividade cerebral de uma pessoa enquanto ela ouve uma história ou silenciosamente imagina contar uma história.
Os cientistas registraram dados de ressonância magnética de três voluntários enquanto eles ouviam 16 horas de histórias - esses dados foram usados para treinar o modelo. A seguir, a equipe testou as respostas cerebrais dos participantes enquanto ouviam novas histórias que não foram usadas durante o treinamento.
Embora o sistema não seja perfeito, o decodificador conseguiu captar os significados das novas histórias e até mesmo gerar algumas palavras e frases exatas dessas histórias.
A equipe também descobriu que o decodificador é capaz de prever o significado da história imaginada por um participante ou o conteúdo de um filme mudo. Além disso, quando um participante ouvia ativamente uma história enquanto ignorava outra, o decodificador conseguia identificar o significado da história sendo ouvida ativamente.
Já foram criados decodificadores de fala antes, mas a maioria foi aplicada à atividade neural registrada após uma neurocirurgia invasiva para o implante de eletrodos diretamente no cérebro, o que limita seu uso. Outros decodificadores que usaram gravações de atividade cerebral não invasivas limitaram-se a decodificar palavras únicas ou frases curtas, e não está claro se eles poderiam funcionar com linguagem natural contínua.
Leitura da mente
Sistemas como esse poderão, no futuro, ajudar pessoas mentalmente conscientes, mas incapazes de falar fisicamente, como as debilitadas por derrames, a se comunicarem de forma inteligível novamente.
Mas também há preocupações. Embora este primeiro teste tenha sido pequeno (só três voluntários) e tenha dependido fortemente da cooperação dos participantes, a equipe afirma que políticas podem ser necessárias para proteger a privacidade mental à medida que a tecnologia se desenvolva.
É fato que esta tecnologia ainda não consegue ler sua mente. Quando a equipe realizou um teste de privacidade, o decodificador treinado com os dados fMRI de um participante não alcançou um bom desempenho na previsão do conteúdo semântico dos dados de outro participante. Os pesquisadores concluíram que a cooperação dos participantes é crucial para o treinamento e aplicação desses decodificadores não invasivos no estágio atual da tecnologia.
Contudo, o desenvolvimento das tecnologias de inteligência artificial está se dando em ritmo mais acelerado do que os próprios cientistas previam, de modo que, dependendo do desenvolvimento futuro dessas tecnologias, poderão ser necessárias políticas e legislações para proteger a privacidade mental.
"Levamos muito a sério a preocupação de que ela possa ser usada para propósitos ruins e trabalhamos para evitar isso. Queremos garantir que as pessoas usem esse tipo de tecnologia apenas quando quiserem e que isso as ajude," disse o pesquisador Jerry Tang, da Universidade do Texas em Austin, um dos criadores do decodificador.
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