30/04/2015

A sociedade precisa de um Jornalismo da Paz

Redação do Diário da Saúde

Equilíbrio

O Jornalismo da Paz é uma alternativa realista, factível e benéfica à sociedade quando contraposto à predominância de notícias negativas e violentas.

É o que demonstra um estudo sobre o tema realizado por pesquisadores espanhóis.

Segundo eles, a presença contínua de notícias negativas e violentas pode influenciar as relações entre as pessoas e seu ambiente, sua visão de mundo, suas relações sociais e sua atitude em relação à possibilidade de mudar as coisas.

Como uma alternativa para o modelo de informação tradicional, o Jornalismo da Paz reivindica um equilíbrio entre notícias negativas e positivas e um tipo de informação social de qualidade, responsável, contextualizada e claramente posicionado em favor dos direitos humanos.

Mas o desenvolvimento desse tipo de jornalismo requer, de acordo com Alex Ivan Arevalo Salinas e seus colegas da Universidade Jaime I, um novo quadro regulador e uma maior autonomia e capacidade de ação dos conselhos audiovisuais, que embasem um controle social dos meios de comunicação.

Mídia negativa

De acordo com levantamentos recentes citados pelos pesquisadores, apenas 1,6% das informações veiculadas pela mídia corresponde a notícias positivas.

"Um tratamento informativo baseado principalmente em eventos ou crimes trágicos e adversos pode influenciar a percepção do ambiente e as relações com os outros. Algumas pessoas podem desenvolver até mesmo estados psicológicos marcados pelo medo e pela desconfiança, limitando, assim, as suas liberdades, as relações sociais e as possibilidades de ação no espaço coletivo," disse Arevalo Salinas.

O chamado jornalismo da paz, ou jornalismo social, defende, de acordo com Arevalo Salinas, "a necessidade de se livrar da regra de objetividade ensinada nas escolas de jornalismo e promovida no exercício da profissão, especialmente quando injustiças e questões sociais são retratadas, nas quais não é ético não demonstrar um compromisso e um apoio claros."

Jornalismo da Paz

O pesquisador destaca que, em comparação com o jornalismo tradicional, "o Jornalismo da Paz prioriza o impacto social e a qualidade do conteúdo sobre os interesses econômicos. Da mesma forma, a análise superficial e descontextualizada feita por alguns meios de comunicação convencionais, em linha com os objetivos de controle social, é substituída por um preocupação em explicar e mostrar os fatores que causam os eventos."

O Jornalismo da Paz também defende uma maior presença de notícias positivas, fontes de informação que vão além daquelas ligadas ao poder e às elites, a criação de mecanismos de participação dos cidadãos nas decisões editoriais e a promoção de mecanismos de monitoramento da ética jornalística.

Embora o chamado jornalismo da violência mantenha-se como a tendência dominante, diz Arevalo Salinas, "as tecnologias da informação têm permitido defender e incentivar um jornalismo mais responsável e independente dos poderes econômicos, como a revista La Marea ou o portal Periodismo Humano, com diferentes modelos de financiamento baseados em doações ou publicidade que não comprometam a sua linha editorial."

Controle social da imprensa

No entanto, para que o Jornalismo da Paz não se limite a experiências isoladas, o pesquisador considera necessário "um quadro regulamentar eficaz e independente que incentive a responsabilidade social da mídia".

Nesse aspecto, o pesquisador destaca que o maior entrave a um novo marco regulatório do jornalismo é que o setor, com sua linha atual, sempre se contrapõe às modificações alegando ataques ao direito à informação e à liberdade de expressão.

No entanto, os grupos que defendem essa necessidade de monitoramento e até de sanções destacam as vantagens de limitar o abuso dos discursos, advertindo que, muitas vezes, "a mídia usa a liberdade de expressão como uma salvaguarda para evitar as suas responsabilidades quando certos discursos violam a liberdade das pessoas."

Arevalo Salinas defende que os "profissionais [da imprensa] assumam as suas responsabilidades quando seus discursos violarem os direitos dos indivíduos por uma cobertura parcial, tendenciosa e marcada por uma cobertura noticiosa marcada pelos preconceitos e estereótipos."

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