21/11/2025

Mel sabor chocolate incorpora compostos bioativos da amêndoa de cacau

Com informações da Agência Fapesp
Mel sabor chocolate incorpora compostos bioativos da amêndoa de cacau
Cascas das amêndoas do cacau possuem teobromina e cafeína, compostos que podem ser transferidos para o mel de abelhas sem ferrão usando extração assistida por ultrassom.
[Imagem: Felipe Bragagnolo/FCA-Unicamp]

Mel com cacau

Pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desenvolveram um produto a partir de mel de abelhas sem ferrão e cascas de amêndoa de cacau que pode tanto ser consumido diretamente quanto como ingrediente para as indústrias alimentícia e cosmética.

O mel de abelhas nativas foi usado como solvente comestível para extrair das cascas da amêndoa do cacau, normalmente descartadas na fabricação de derivados como o chocolate, compostos como teobromina e cafeína, conhecidos estimulantes associados à saúde cardíaca. O processo, que usou extração assistida por ultrassom, enriqueceu ainda o mel com compostos fenólicos, que têm atividades antioxidante e anti-inflamatória.

Dependendo da proporção de mel e cascas de cacau, o produto apresenta um sabor de chocolate mais ou menos intenso.

"Claro que o apelo maior para o público é o sabor, mas nossas análises mostraram que ele tem uma quantidade de compostos bioativos que o tornam bastante interessante do ponto de vista nutricional e cosmético," contou Felipe Sanchez Bragagnolo, idealizador do projeto.

Em parceria com a Inova Unicamp, agência de inovação da universidade, os autores buscam agora algum parceiro interessado em licenciar o processo, que teve uma patente depositada, e colocar o produto no mercado.

Mel sabor chocolate incorpora compostos bioativos da amêndoa de cacau
O processo é simples e poderá ser adotado por cooperativas e associações de produtores.
[Imagem: Bragagnolo et al. - 10.1021/acssuschemeng.5c04842]

Oportunidade para cooperativas

Os méis de abelhas nativas, além de terem um apelo para o uso sustentável da biodiversidade local, foram escolhidos pelo maior potencial como solvente, dado que, de modo geral, eles possuem maiores teores de água e menor viscosidade do que o mel da abelha-europeia (Apis mellifera).

Foram testados méis de cinco espécies que ocorrem no Brasil: borá (Tetragona clavipes), jataí (Tetragonisca angustula), mandaçaia (Melipona quadrifasciata), mandaguari (Scaptotrigona postica) e moça-branca (Frieseomelitta varia).

A extração assistida por ultrassom consiste no uso de uma sonda, visualmente parecida com uma caneta metálica, colocada dentro de um pote com o mel e as cascas de cacau. A sonda emite ondas sonoras que otimizam a extração dos compostos das cascas da amêndoa do cacau, que migram para o solvente, que no caso é o mel.

"Acreditamos que com um aparelho desses, numa cooperativa ou pequena indústria que já trabalhe tanto com o cacau quanto com o mel de abelhas nativas, seria possível aumentar o portfólio com um produto de valor agregado inclusive para a alta gastronomia," sugeriu o professor Maurício Rostagno.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Stingless bee honeys as natural and edible extraction solvents: an intensified approach to cocoa bean shell valorization
Autores: Felipe Sanchez Bragagnolo, Monique Martins Strieder, Vitor Lacerda Sanches, Leonardo Mendes de Souza Mesquita, Tiago Linhares Cruz Tabosa Barroso, Tânia Forster-Carneiro, Mauricio Ariel Rostagno
Publicação: ACS Sustainable Chemistry & Engineering
DOI: 10.1021/acssuschemeng.5c04842
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